Aproximam-se os meses de Verão, os fins-de-semana, os dias longos, as férias. A bicicleta encaixa aqui como uma luva. Ir de férias em bicicleta só tem vantagens, em vez de as férias servirem para engordarmos, até melhoramos a forma física ;-), passeamos e vemos muito sem gastar um tostão (sobram mais tostões para coisas interessantes como ir a um festival de música, experimentar aquele restaurante apetitoso, ficar fora mais dias, and so on), e a viagem passa a ser mesmo uma viagem e não simplesmente ir do ponto A ao B. As férias começam mal saímos de casa!
Por isso, e para que as surpresas sejam sempre boas, convidámos o Paulo Guerra dos Santos, do 100 Dias de Bicicleta em Portugal e do Ecovias de Portugal, a vir cá ao nosso ateliê partilhar convosco a sua experiência a viajar de bicicleta por terras lusas. 🙂
O workshop “Turismo Activo em Bicicleta” decorre em 3 sessões, a 26 de Maio, 2 e 9 de Junho, das 10h00 às 12h30, aqui no nosso estaminé, a inscrição fica em 60 € e ainda temos vagas! Não percam esta oportunidade e inscrevam-se já via .
Conteúdo do workshop
Slow Travel: o conceito
Viajar devagar conhecendo e usufruindo mais.
Turismo activo em bicicleta
O que é, vantagens e desvantagens.
Rede Suiça de Ecovias.
Rede Noroeguesa de Ecovias.
Rede Portuguesa de Ecovias.
Planear uma viagem em bicicleta
Pesquisa de percursos, definição de etapas, onde dormir, onde comer, o que visitar.
Logística de transportes: Veículo privado, transportes públicos ou apoio profissional?
Redes sociais: warmshowers.com, couchsurfing.org
Clima, época do ano, cuidados de segurança.
Preparação física, aquecimento e alongamentos.
Seguro de responsabilidade civil contra terceiros e danos próprios.
O equipamento
A bicicleta, o calção e a camisola, capacete, suplentes, manutenção e mecânica básica.
A carga em atrelado ou alforges.
A escolha sobre o que levar. Lista com os itens mais solicitados.
Material de emergência.
Mapas de estradas e Global Positioning System
Rede viária nacional e sua classificação.
Explorar/visualizar estradas e trilhos na internet.
Criar/visualizar trilhos no Google Earth.
Equipamentos, smartphones e tablets com GPS.
Deixar-se guiar pelo trilho e pelo GPS.
Bateria extra ou carregamento em viagem.
E quem sabe depois deste workshop não aproveitam para pôr os novos conhecimentos em prática e acompanhar o Paulo e a Ana Galvão na ciclo-viagem Lisboa-Badajoz de 1 a 7 de Julho? 😉
E, claro, se precisarem de uma bicicleta de touring, ou simplesmente de passeio, uns alforges, etc, etc, é no sítio do costume (mas tratem da coisa com antecedência para quando a data de partida chegar estar cá tudo!).
Lembram-se de como eram as férias quando éramos putos? Pois bem, ir de férias de bicicleta rejuvenesce-nos quase até esses doces e belos tempos! 😀
Este anúncio de TV está genial. Eu não sou dos anos 70, mas dos 80, mas ainda me revejo totalmente nisto! 🙂
Libertem as crianças, as interiores e as vossas! 😉 As crianças querem-se como as galinhas, “do campo“, e na rua! 😛
Ora aqui está uma excelente notícia! Foi recentemente apresentada a rede/selo BIKOTEL, com respectiva página na web.
Este projecto lista, promove e reconhece unidades de alojamento que servem as necessidades dos utilizadores de bicicleta, particularmente na vertente de turismo e lazer, com boas práticas em 7 critérios obrigatórios: parqueamento, garagem, menu, lavagem, oficina, percursos, e vários opcionais. É até estranho não ter partido, nem contado com a colaboração, da Federação Portuguesa de Cicloturismo e Utilizadores de Bicicleta, pois tem tudo a ver.
Com o tempo, gostaria de ver esta rede alargar-se aos parques de campismo.
Um óptimo passo no sentido certo: dinamizar e melhorar o turismo em bicicleta em Portugal! 😀
Aos 18min12s da 2ª parte do Primeiro Jornal de 20-08-2011, na SIC, aparece uma peça sobre a inauguração de um novo troço de ciclovia que liga a praia do Osso da Baleia, em Pombal, à Nazaré, feito juntamente com um novo troço da Estrada Atlântica. Esta estrada é acompanhada por uma ciclovia e liga o litoral de quatros concelhos do distrito de Leiria, entre a praia do Osso da Baleia (Pombal) e o Sítio da Nazaré, passando pela praia do Pedrógão (Leiria), Vieira de Leiria e São Pedro de Moel (Marinha Grande). É possível agora percorrer 70 Km nesta ciclovia, ora pela mata ora à beira-mar.
Àparte os ciclistas de clube com capacetes mal ajustados, a propaganda do medo, e os defeitos do costume na ciclovia a nível de segurança e usabilidade, é uma boa notícia e uma obra útil. 🙂 Aproveitar os fundos europeus tem sido o grande motor da construção de ciclovias, só era bom que se preocupassem em fazê-las melhorzinhas, já que estão nisso mas pronto. Mas estas, como são fora da malha urbana, não é tão grave.
Logo a seguir no telejornal passaram também uma notícia sobre mais bombeiros a fazer rondas de bicicleta, desta vez em Sintra (numa bicicleta hardtail mesmo fixe para aquele empedrado e tal… :-S ).
Quando voltei à bicicleta em 2005, após um interregno forçado de 7 anos, das muitas coisas giras que descobri online ao longo de mais de um ano de ávidas e intensas deambulações e pesquisas, os pedicabs foram uma de entre várias ideias por que me apaixonei, e de cujo sonho vou acalentando. Quando, na sequência desse período de “imersão velocipédica”, resolvi criar com o Bruno a Cenas a Pedal, nos idos de 2006, esta foi das primeiras e principais ideias que acarinhámos. Em 2008, na visita à Spezi, na Alemanha, tivémos até o privilégio de conduzir um, quando apanhámos um pedicabbie muito simpático que nos levou até à estação de comboios. 🙂
Um “riquexó” é um «veículo de duas rodas para uma ou duas pessoas, puxado por uma pessoa a pé ou de bicicleta, frequente em cidades do Oriente», usando a definição da Priberam. O riquexó surgiu inicialmente como sendo, basicamente, uma carroça puxada por uma pessoa, há cerca de 150 anos.
Nos tempos mais recentes esta palavra evoluiu para incluir também versões modernas, e mais humanas, os triciclos riquexó, como os da primeira e segunda fotos, e os riquexós motorizados (tuc tucs e afins), que foram substituíndo (embora não completamente) os originais.
Na Ásia, onde surgiram e foram massificados, os pedicabs estão a desaparecer à medida que a sociedade se motoriza mais e mais (um reflexo da melhoria das condições económicas da população), e vão restando apenas como atracção turística:
Em contrapartida, no Ocidente, vão aparecendo mais e mais, também muito ligado ao turismo, mas não só, e utilizando veículos modernos, mais eficientes e menos duros para os condutores.
Há diversas marcas de pedicabs modernos, de posição de condução convencional ou reclinada, 3 ou 4 rodas, mais ou menos cobertos/fechados, com e sem assistência eléctrica, e com o condutor à frente ou atrás dos passageiros, sendo que os preços variam entre os 4.500 € e os 10.000 €, mais ou menos. Os modelos de negócio também variam, mas geralmente os condutores são trabalhadores por conta própria, que alugam os triciclos e obtêm depois o seu rendimento dos serviços de transporte (turísticos ou utilitários) que conseguem arranjar. Os proprietários dos triciclos vivem depois da publicidade nos veículos. E, claro, também há outros casos em que os condutores são funcionários da empresa. Os pedicabs são concorrência essencialmente para as charretes, onde estas existam (ex.: Sintra) e para os táxis automóveis normais.
Em 2006/2007 investigámos muito a ideia de trazer os pedicabs para terras lusas, marcas, modelos de negócio, legislação, etc, estabelecemos contacto com fabricantes, perguntámos por licenças e autorizações necessárias a Câmaras Municipais, IAPMEI, IMTT, etc. Desenvolvemos planos de negócio e até concorremos a programas de financiamento / apoio ao empreendedorismo. Infelizmente não tivémos sorte nessa frente, e o investimento inicial saía fora do nosso alcance (dois putos de 25 anos recém-saídos da faculdade, sem dinheiro nem crédito). Mas esse não era o único obstáculo, pois no processo descobri que o nosso Código da Estrada proíbe activamente o transporte de passageiros (adultos) em velocípedes. E sim, os pedicabs são classificados como velocípedes, pelo que não se tratava de uma questão de homologação nem, aparentemente, de licenças especiais locais. A resultar seria um pouco como os comboios turísticos, primeiro aparecem, depois regulamentam-se, o que são muitos “ses” para investir tanto dinheiro…
Não seríamos os primeiros tipos a usar pedicabs em Portugal, claro, nas minhas pesquisas enontrei referências a outras empresas, mas coisas pré-web 2.0, digamos assim. Haveria para aí pedicabs mas essencialmente usados em eventos e coisas do género. Com tudo isto, o sonho de nos tornarmos pedicabbies foi posto em stand-by. Mas outros tiveram a mesma ideia, e atiraram-se, apesar da legislação vigente. Houve uma falsa partida em 2007 com a Missão Zero, em Cascais, mas há hoje em Portugal, e desde 2007/2008, pelo menos duas empresas de pedicabs em operação, ambas usam a mesma marca de triciclos, embora não integrem a rede mundial de franchising da mesma.
Porque é que os pedicabs não proliferam e vingam em Portugal?
Esta questão é o exemplo acabado de como a falta de visão política e pró-actividade dos nossos políticos inviabiliza a inovação, e o desvio para a sustentabilidade nascido nas bases (vs. o que vem de cima, quando vem alguma coisa).
Há uma série de actividades com o potencial de criar emprego, de aliviar os congestionamentos, a poluição, o ruído, nas cidades, de contribuir para dinamizar a vida urbana e enriquecer o turismo, de promover social e culturalmente o estatuto da bicicleta como veículo utilitário, e de lhe dar visibilidade, que as rédeas-soltas dadas ao automóvel, a conivência das autoridades com o desrespeito pelas leis (estacionamento, circulação, velocidade,…) pelos seus condutores, e o subsidiamento público que é feito a estes, em detrimento de todos os outros modos (transportes públicos, peões, ciclistas), matam à nascença, porque o automóvel é sempre mais competitivo globalmente (vai a todo o lado, mesmo onde não pode, e estaciona em todo o lado, mesmo onde não pode, sempre impunemente). Os pedicabs são uma dessas actividades (a par da micro-logística em bicicleta, e até da publicidade móvel em bicicleta, etc).
Temos um Código da Estrada obsoleto, desajustado da realidade técnica, científica e social actual, e negativamente discriminatório dos condutores de velocípedes relativamente aos condutores de veículos motorizados.
o CE proíbe o transporte de passageiros adultos em velocípedes (mesmo que seja um desenhado e preparado para tal)
o CE proíbe os triciclos e quadriciclos a pedal (velocípedes e velocípedes com motor) de circular nas ciclovias quando estas existam (há uma série de utilizadores de bicicleta que ficam excluídos de usufruir legalmente de muitas vias turísticas e recreativas)
as ciclovias que se vêm em Portugal são subdimensionadas em largura para bicicletas normais, quanto mais para triciclos e afins (principalmente tendo em conta a lei anterior)
as ciclovias em Portugal incluem demasiadas vezes degraus, curvas cegas e/ou demasiado apertadas, etc
o piso degradado (buracos, lombas, etc), misturado com carris e empedrado, um cenário demasiado comum em Lisboa, por exemplo, torna a cidade pouco tolerável para quem não se desloca num automóvel…
O Trikidoo é uma versão light de um pedicab para levar miúdos.
De qualquer modo, aparentemente não terá sido este obstáculo legal a ditar o desaparecimento dos CityCruisers de Lisboa, mas sim a falta de licença concedida pela Câmara para estes veículos acederem e circularem por zonas pedonais (é o que depreendo da notícia, não haveria razão para terem que estacionar os triciclos em cima de passeios, podem muito bem ser parqueados na estrada). Se assim for, realmente, a história repetir-se-á para este projecto mais recente.
Sofremos, assim, duplamente, pela falta de zonas pedonais, livres de automóveis (em número, extensão e conectividade), e pela falta de tolerância para com estes transportes públicos, os pedicabs, a título de excepção, nas poucas que existem (e com maus acessos, muitas vezes). Comparem com Barcelona: