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Publicado no Dinheiro Digital:
Os fabricantes de bicicletas e componentes querem que o Governo reveja o IVA aplicável por se tratar de um meio de transporte «totalmente ecológico» e advertem que estão no mercado bicicletas sem qualidade e segurança.
Paulo Rodrigues, secretário-geral da Associação Nacional das Indústrias de Duas Rodas, Ferragens, Mobiliário e Afins (ABIMOTA), denuncia que estão a entrar no país «produtos de má qualidade, que põem em causa a segurança dos consumidores».
«Não é realista que produtos que custam menos de um par de sapatos tenham qualidade e devia haver legislação mais apertada», refere.
Segundo o secretário-geral da ABIMOTA, já existem normas europeias, sem carácter vinculativo, e os industriais portugueses estão a aplicá-las para poderem exportar para países como a França, onde são obrigatórias.
«Testamos e desenvolvemos produtos orientados para mercados que têm essas exigências, não só nas bicicletas como em capacetes, mas no que respeita ao mercado português continuamos a ser demasiado permissivos e a deixar que produtos de má qualidade entrem», critica.
A ABIMOTA tem condições para o provar, já que possui um laboratório de ensaios a veículos, que é actualmente um dos laboratórios europeus com maior capacidade de certificação, a nível das novas normas europeias.
«É um laboratório reconhecido internacionalmente e cerca de um quarto da sua prestação de serviços é para exportação, nomeadamente para o maior produtor mundial de bicicletas, a Decathlon. Ali se faz a certificação de produtos para países como a Espanha, França, Itália e Polónia, só que a Portugal chegam bicicletas e componentes não certificados, vindos da Ásia».
Para Paulo Rodrigues, não está em causa a origem, desses produtos, que são geralmente maus e fazem concorrência desleal não só em termos de preço, mas também em termos sociais, ambientais e políticos, mas o cumprimento de normas de segurança e qualidade.
Já a indústria nacional tem vindo a atingir padrões que lhe permitem exportar para mercados exigentes, mas nem por isso se sente apoiada pelo Estado. São reclamações aparentemente simples, como a adequação do Código da Estrada ao uso da bicicleta como meio de transporte, ou de estímulo à sua aquisição.
«Fala-se de incentivos para veículos ecológicos e não há nada mais ecológico do que a bicicleta, que não tem qualquer tipo de incentivo, nem a nível fiscal, nem sequer uma redução de IVA. Não se compreende que não haja incentivos para uma solução destas que é prática, é simples e é nacional», observa.
A crise representa, também nas duas rodas, o risco de problemas como o desemprego, mas simultaneamente pode gerar oportunidades que os industriais querem aproveitar, nomeadamente o facto das famílias começarem a olhar para o que gastam nos transportes com outra visão.
«Temos a bicicleta em três áreas: como elemento de lazer, que explodiu nos últimos anos com a bicicleta todo-o-terreno(BTT), a bicicleta de férias e de fim-de-semana que também tem tido um crescimento interessante, ligado à preocupação com a saúde, e essas são áreas que provavelmente vão ter as suas dificuldades, mas temos também a bicicleta para o dia-a-dia que terá um grande potencial de crescimento. Provavelmente haverá um equilíbrio ou uma transferência entre subsectores, sabendo nós que as famílias vão passar a olhar para o seu orçamento em termos de transporte de uma forma mais racional depois desta crise», vaticina Paulo Rodrigues. Segundo a ABIMOTA, o sector das duas rodas tem uma capacidade de produção de cerca de um milhão de unidades por ano para exportação, que se pode traduzir num volume de exportações de 100 milhões de euros.
No próximo fim-de-semana, dias 2, 3 e 4 de Novembro, vai ter lugar no CNEMA, em Santarém, o 4º Festival Bike Portugal – 4ª edição do Festival Internacional da Bicicleta, Equipamentos e Acessórios e do Salão de Ciclismo Profissional. É a maior feira desta indústria em Portugal e é uma oportunidade de ver de perto várias marcas e lojas no mesmo local e na mesma data. A organização diz ainda que haverá uma zona de test drives no exterior, da responsabilidade das marcas que estejam interessadas nesse serviço. Talvez se prove uma boa oportunidade de testar algumas máquinas. 😉
Ao longo dos três dias irão decorrer uma série de demonstrações, campeonatos e de provas e passeios desportivos. No sábado e no domingo haverá sorteio de bicicletas. Este evento é marcadamente focado na bicicleta como instrumento de desporto, não está virado para a mobilidade, no entanto, qualquer bicicleta mais “desportiva” pode ser usada para commuting. 😉
Estão ainda previstos 5 workshops. Os mais relevantes para o ciclista urbano, utilitário, serão possivelmente o de “Suporte Básico de Vida – Primeiros Socorros no BTT“, às 21h de sexta-feira, e o de “Mecânica de bicicletas“, às 20h de sábado. Este último será novamente dado pelo Ricardo Figueiredo, como no ano passado (esperemos que decorra sem os mesmos sobressaltos).
Horários e preços:
Dia 2 (Sexta-feira): 17h – 23h
Dia 3 (Sábado): 10h – 23h
Dia 4 (Domingo): 10h – 20h
Bilhetes de 1 dia: 4 €
Bilhete 3 dias: 6 €
Crianças até 11 anos (inclusive) não pagam.