Não é fácil encontrar em Lisboa oportunidades de passeio e confraternização à volta da bicicleta como meio de transporte. Muitas vezes os passeios que há são para turistas estrangeiros ou são mais na onda do desporto, e as efemérides culturais e sociais escasseiam.
Por isso, este domingo não se distraiam, venham pedalar e piquenicar com a malta fixe “das bicicletas”! 🙂 Uma oportunidade de conhecerem e confraternizarem com malta do cicloactivismo, e não só.
27 de Maio de 2018 | Passeio de Bicicleta & Piquenique Bicicultura/MUBi!
Passeio para encontro e convívio entre utilizadores de bicicleta, cicloactivistas, e outros fãs da cultura da bicicleta, e angariação de fundos para a constituição oficial da cooperativa Bicicultura.
Encontro frente ao Vasco da Gama (Alameda dos Oceanos) às 11h.
Passagem pela Quinta Conde dos Arcos e Parque Urbano dos Olivais. Almoço em formato de piquenique (cada um leva as suas coisas e algo para partilhar) na Mata de Alvalade (há um quiosque com umas tostas fantásticas para quem prefira abastecer-se localmente) – entre as 13h e as 15h.
Arranque cerca das 15h para a 2ª parte do passeio, com passagem pelo Parque do Vale de Chelas, Parque do Vale do Fundão e Parque da Quinta das Flores, e ciclovia ribeirinha até voltar ao ponto de partida no Parque das Nações.
Público: aberto a todos, incluindo principiantes e famílias com crianças. Nós vamos levar a Mutthilda, claro. As distâncias não são nada de mais, e o ritmo será descontraído, para acomodar toda a gente e promover a conversa. 🙂
Inscrição: não há! A participação é livre e gratuita, é um encontro social. Mas um dos objectivos deste encontro, além do recreio e do convívio, é a angariação de fundos para ajudar a cobrir os 600 € de despesas da constituição oficial da cooperativa que alojará A Casa da Bicicultura.
Por isso levem o vosso donativo para meterem no mealheiro que irá passar de mão em mão. Todos os €uros ajudam. 🙂
O CycleHack é um evento internacional com uma abordagem proactiva e faça-você-mesmo às barreiras ao uso da bicicleta.
Em que consiste o CycleHack?
Ao longo de um fim-de-semana, os participantes metem as mãos na massa e, em equipa, propõem e desenham soluções (“cyclehacks”) para resolver problemas com que os utilizadores de bicicleta – efectivos e prospectivos – como eles, se confrontam em Lisboa.
Um “cyclehack” é uma ideia que pode ser prototipada de forma rudimentar e testada na cidade e que tenta resolver uma barreira ao uso da bicicleta. ‘Hacks’ podem ser produtos físicos, apps digitais, ideias para novas campanhas de sensibilização ou para influenciar políticas públicas, e podem contemplar infraestrutura local e mapeamento de rotas.
Houve uma ideia desenvolvida no CycleHack Lisboa do ano passado (o primeiro em Portugal), pelo André, que gostaria muito de ver implementada: um sistema para permitir aos ascensores da cidade rebocar bicicletas. Porque às vezes dava mesmo jeito “cortar a direito” pelas colinas. 🙂
Outra ideia que gostaria que evoluísse para algo funcional era a minha máscara de emergência anti-poluição, porque Lisboa ainda tem um problema de poluição e às vezes é difícil evitá-la ou fugir dela. 🙁
E devo dizer que adorei a ideia do Manuel, do “pega-monstros” para autocarros e outros veículos grandes nos rebocarem de bicicleta! 😀
Já temos mais algumas ideias na manga para desenvolver este ano. Uma envolve a Mutthilda, a outra visa melhorar o conforto nas nossas viagens a pedal, e uma outra serviria para criar uma campanha de sensibilização. Participaremos novamente, claro! É um evento que junta a malta e nos dá o pretexto para brincarmos como gente grande durante um fim-de-semana, e quem sabe criar algo que seja útil a mais pessoas? Retribuir os hacks de que já beneficiámos também. 🙂
E vocês, já se inscreveram também ou vão passar ao lado de uma grande carreira?
As crianças precisam de brincar. Bolas, os adultos precisam de brincar, quanto mais as crianças!
Infelizmente, nas últimas décadas fomos construindo um mundo, uma sociedade, uma cultura, em que as crianças levam uma vida de reclusas. Reclusos bem tratados e cheios de actividades de suposta estimulação, mas ainda assim reclusos – não têm a liberdade de explorar o mundo como desejam e precisam. De estar ao ar livre e fora de portas, de explorar o meio físico em que se encontram, de se aventurarem, de perseguirem os seus próprios interesses e paixões, de correrem riscos, de aprenderem a gerir emoções, interesses, frustrações, sonhos, riscos. Há sempre adultos a dizerem-lhes o que fazer, com o que brincar e como, e quando, e até com quem. Isto é mau agora, e terá um preço a pagar no futuro.
Como nós brincámos muito, tivémos a liberdade de andar na rua e brincar como bem nos apetecia, sabemos o bem que soube, e o bem que nos fez. E lamentamos ver tantas crianças privadas desse privilégio, em nome de uma ilusão de segurança e competitividade.
Como andar de bicicleta tanto pode ser uma brincadeira como um meio de transporte, e enquanto meio de transporte continua a ter muito de brincadeira, e é uma ferramenta importante a nível de desenvolvimento psicomotor, nós fomos lá promover isso mesmo. Levámos bicicletas familiares para mostrar ao público, e por vezes os test rides funcionaram como uma espécie de “volta no carrocel”. 🙂 E andámos também a dar dicas aos pais de como podem ajudar os filhos a largar as rodinhas (explicando que na Escola de Bicicleta ensinamos isso e tudo o resto!).
Haviam várias actividades para estimular a brincadeira, inclusivé uma área de brincadeira livre, dos 1, 2, 3 macaquinho do xinês, onde apanhámos o prof. Carlos Neto, da FMH, a brincar também, por uns instantes. 🙂
Se não ouviram ainda falar dele, espreitem aqui, onde ele faz notar que as crianças hoje são como animais em cativeiro, aqui, onde ele alerta para o crescente analfabetismo motor dos miúdos (algo que nós próprios fomos notando ao longo dos anos nas nossas actividades com os karts KMX e com as aulas e afins) e aqui, onde ele fala do sedentarismo e da organização do território e do trabalho, por exemplo. E têm também estes vídeos, no âmbito do Dia de Aulas ao Ar Livre, que já chegou a Portugal!
Entretanto, precisamos de Um Novo Conceito de Parque Infantil. We need Rethinking Childhood, we need Freerange Kids, we need riskier playgrounds! E precisamos de menos carros na cidade, se reduzirmos o número e velocidade dos carros, aumentaremos o número de crianças na rua, seja a brincar, a caminhar, a andar de bicicleta, etc. É o volume, velocidade, hipermobilidade e anonimato dos carros que gera o medo da rua.
Libertemos as crianças! E, no processo, libertemos também os adultos, novos e velhos. 😉
Foi há um ano atrás a última edição da nossa Feira de Bicicletas Maduras. A pedido de várias famílias, e agora que acabaram as obras aqui na envolvente do nosso [novo] atelier e que descobrimos um espaço simpático na vizinhança para alugar para o efeito, resolvemos promover uma nova edição desta feira. Esta é ainda uma edição piloto, logo veremos que regularidade poderemos adoptar e quando. Por isso não percam a oportunidade e apareçam dia 6 de Junho das 16h às 19h no Espaço Garagem para vender, trocar doar ou comprar bicicletas, peças, acessórios e afins, usados!
Vejam aqui a página do evento no Facebook, com os detalhes.
Nós próprios somos os primeiros a contribuir para feira, claro. Este fim-de-semana andámos a fazer explorações arqueológicas na garagem onde a Cenas a Pedal nasceu, há quase 9 anos, a recolher coisas usadas, e também ‘new old stock‘, para vender (e algumas, doar) na próxima Feira de Bicicletas Maduras. A ver se devolvemos finalmente a garagem aos meus pais. 😛
Spring cleaningEste fim-de-semana andámos a fazer explorações arqueológicas na garagem onde a Cenas a Pedal nasceu, há quase 9 anos, a recolher coisas usadas, e também ‘new old stock’, para vender (e algumas, doar) na próxima Feira de Bicicletas Maduras (6 de Junho: https://www.facebook.com/events/1578659189064277). A ver se devolvemos finalmente a garagem aos donos. 😛
Além destas coisas assim mais antigas, teremos também artigos mais recentes, como sacos, alforges, um atrelado de cães, etc. Ainda estamos a reunir tudo e ver o que vamos pôr à venda, e o que vamos doar. E a própria Cenas a Pedal vai lá ter à venda alguns artigos novos mas em fim de ciclo, em promoção, para ajudar a animar a coisa. 😉
Venham, porque o OLX e afins não permite apalpar as coisas. ;-D
Ainda estávamos a arrumar as coisas no atelier antigo, no final de Março, quando a equipa do Biosfera foi ter connosco para gravarmos uma entrevista centrada nas recentes alterações ao Código da Estrada e na utilização da bicicleta no dia-a-dia, no geral. Grande parte da conversa, em que falei usando o meu chapéu da MUBi:-), foi usada em dois programas, um emitido no início de Maio e outro emitido agora a meio de Junho.
O primeiro programa focou-se nas alterações ao Código da Estrada, no que mudou na lei e no que mudou (ou não) na prática, na estrada, “Aprender a andar em duas rodas“. Abordou-se esta questão, e ainda outras relacionadas com os aspectos práticos da bicicleta no dia-a-dia (escolhê-la, protegê-la de roubos, etc).
O segundo programa focou-se nas histórias das pessoas, “Viver a cidade em duas rodas“. Vale a pena ouvir o Ricardo, do Porto, a contar a sua transição gradual mas dramática, do carro como principal meio de transporte para a bicicleta, e também a da “nossa” Filipa, aqui de Lisboa, a partilhar a sua experiência na adopção da bicicleta no dia-a-dia com dois filhos pequenos para transportar e nos desafios e recompensas que isso lhe coloca como pessoa e como mãe.
Nós somos grandes fãs da Filipa e tem sido muito bom assistir à sua evolução enquanto ciclista e, principalmente, enquanto mãe ciclista! 🙂 É a recente nova dona da nossa moederfiets (“bicicleta de mãe”, como lhe chamam os holandeses)Gazelle Bloom, e antes disso já levava os miúdos em cadeirinhas ou num atrelado. Fez o nosso curso de Condução de Bicicleta em Cidade, viajou de bicicleta com os miúdos no Verão passado, e até subiu à palete de um Ignite Portugal para partilhar a sua experiência.
Orgulha-nos muito o nosso pequeno papel na história dela, e gostaríamos que aparecessem muitas mais Filipas por esta cidade fora. 🙂
Estes dois programas foram excelentes pois permitiram levar estas questões, estes exemplos e histórias aos outros, aos não-ciclistas, aos pré-ciclistas, e até aos ciclistas-que-não-têm-nada-a-ver-com-bicicletas-e-ciclo-activismo-ou-bicicultura. 😉
Esse é um grande aspecto positivo também da nossa participação num programa de rádio, o LXA Conversa:
LXAMANHÃ é uma plataforma permanente de recolha e consulta das ideias dos cidadãos para a Lisboa de amanhã – independente e aberta a todos aqueles que, juntos, querem melhorar a cidade.
O objetivo desta plataforma é fazer com que todos os cidadãos se tornem mais informados, ativos e participativos, e juntamente com as autoridades participem na construção de uma Lisboa cada vez melhor!
Construir uma Lisboa melhor, é isso que queremos! E como tal, foi com muito gosto que aceitámos o convite do André e fomos à Rádio Zero, no IST, no passado mês de Maio, participar em mais um LXA Conversa.
O LXA Conversa é o programa de rádio do LXAMANHÃ em parceria com a Rádio Zero. É um programa semanal, de 1h, emitido aos sábados, com Lisboa no centro e/ou em background. Tem rubricas musicais, notícias, debates/entrevistas, e sugestões e propostas para a cidade. Nós fomos convidados a falar da Cenas a Pedal, de como surgiu, o que fazemos e porquê, de quais são, na nossa perspectiva, os principais entraves ao uso da bicicleta em Lisboa, como gostaríamos de ver a mobilidade em Lisboa daqui a 10 anos, e como é que a Cenas a Pedal se enquadraria nesse cenário.
Foi um fim de dia muito bem passado à conversa com o André, o Luís, a Joana e a Marta, a falar de bicicletas, cidades, mobilidade, urbanismo, etc. 🙂
Ainda antes disto, tínhamos participado em dois eventos importantes mas totalmente “virados para dentro“, o congresso ibérico “A bicicleta e a Cidade”, e o Ignite Portugal @ Bicicletas de Lisboa, onde nos propusémos falar de “bicicletas especiais”, quota modal da bicicleta, e a questão da “batota” na bicicleta como meio de transporte.
O Ignite Portugalé um conjunto de eventos abertos à participação de todos que giram em torno de apresentações sobre temas como inovação, criatividade, empreendedorismo ou tecnologia, em que os apresentadores têm apenas 5 minutos para falar, com 20 slides que rodam automaticamente a cada 15 segundos.
Eu fui falar desta questão engraçada (excepto quando pensamos nas suas consequências, claro) de muitas pessoas encararem a bicicleta eléctrica (na sua versão pedelec) como “batota“. O meu objectivo foi o de ajudar a destruir mitos e ideias erradas pré-concebidas, e a colocar a bicicleta eléctrica no seu lugar de direito como (mais) uma ferramenta (e fantástica) de mobilidade e transporte. Podem ver os slides aqui:
Já o Bruno foi falar de bicicletas especiais, para gente fora-de-série. Bicicletas, triciclos e afins para diferentes aplicações e para pessoas com diferentes preferências e/ou necessidades, que permitem o acesso à bicicleta como meio de transporte e instrumento de lazer e até de reabilitação, a pessoas de outra forma excluídas desse estilo de vida e dessa actividade. Podem ver os slides aqui:
E os vídeos das apresentações, gravados pela organização do evento, serão publicados aqui, logo que estejam prontos.
Seria difícil alcançar um público “de fora” sendo um Ignite com um tema tão específico, mas mesmo assim foi uma boa oportunidade de divulgar estes conceitos a pessoas que, embora estejam ligadas a estes assuntos e a esta cultura, não tenham assim tanto contacto com estes sub-temas em particular. Foi giro participar, e foi interessante assistir, sendo que gostei particularmente das apresentações do Ricardo Cruz e do João Campos, bons temas e bons oradores!