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Teremos em 2050 o que a Holanda tinha em 1950?

Não é absolutamente lindo? As multidões em bicicleta, as cadeirinhas e reboques de criança, os velocars (ou precursores dos velomobiles?), os triciclos de carga, os tandems, toda a gente em bicicleta, os parques de estacionamento, etc, etc.

[Via]

E a CP, será que um dia poderemos fazer cá o que os ingleses chegaram a fazer (hoje acho que já não…) nos anos 50?…

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Os ciclistas ainda não são bem-vindos na CP

Imaginem o cenário:

4 ciclo-activistas pretendem ir a Aveiro assistir à conferência ‘O Lazer e o Turismo Ciclável em Portugal’. A conferência começa às 9h. A ideia seria fazer uma viagem multimodal baseada na bicicleta e no comboio. A bicicleta para se deslocarem de suas casas até à estação de comboios (Santa Apolónia) e depois por Aveiro (fazer um pouco de cicloturismo pela cicloria, etc), sendo que o comboio permitiria ultrapassar a distância entre Lisboa e Aveiro.

A alternativa seria irem de carro até Aveiro, em regime de carpooling, ou dependerem de carro/táxi/transportes públicos para se deslocarem em Lisboa e em Aveiro, antes de, e depois do comboio, respectivamente.

Vamos então comparar as 2 alternativas mais viáveis (a terceira não é competitiva em termos de preço e rapidez, dado que são um grupo).

Bicicleta & comboio

Dado que as bicicletas só são toleradas nos comboios Regionais e Inter-Regionais, a melhor proposta de IDA é esta (tarde de dia 5 de Novembro):

detalhesIDA

Partida cerca das 16h15 e chegada pelas 20h45. São 4h25min de viagem, incluindo 2 transbordos, por ~52 € (pode haver lugar a descontos de Ida & Volta ou de Grupos).

Claro que falta ainda contabilizar o tempo e o custo da viagem de casa até Santa Apolónia (talvez 1h30min e 0 € a pedalar todo o caminho, uns 50 min e 5.20 € se apanharem boleia do comboio na linha de Cascais). De notar que a linha urbana de Cascais não está integrada com a da rede nacional (até dá vontade de rir, se não fosse caso para chorar), pelo que há que pedalar entre o Cais do Sodré e Santa Apolónia (é um instantinho, também).

O maior problema aqui são os transbordos. É que o transporte de bicicletas nos comboios é tolerado, e gratuito, mas não é garantido nos transbordos, pois depende da avaliação do revisor (tipo de material circulante, espaço, lotação, etc) e como não é possível reservar bilhetes/lugares para a viagem inteira, os passageiros arriscam-se a ficar em terra algures a meio da sua viagem. Ora, quem é que se sujeita a isto?… É que não é como se houvesse mais comboios logo a seguir… Ou que haja garantia que no próximo haja vagas…

Bom, para regressar ao final do dia seguinte, após a conferência, só é dada uma alternativa:

detalhesVolta

São 5h21min de viagem, com 2 transbordos, e chegada a Lisboa depois da meia-noite. E pouca margem para o fim da conferência, dado que a partida é pelas 18h45. Depois há ainda que chegar a casa, em Oeiras.

Carro

Pelo VIAMICHELIN, a viagem de ida, de carro, desde Oeiras, faz-se em 4h45min, por 45 €. A partida é às horas que o grupo quiser. E o mesmo se aplica ao regresso.

Comparação

Desde casa até Aveiro.

Bicicleta & comboio: 5h15min de viagem, 14.30 € / pessoa. Sujeito aos horários dos comboios e à disponibilidade de ligações. Conforto inferior ao do automóvel (comboios regionais e interregionais costumam ser de menor qualidade do que os intercidades e alfa-pendulares). Trabalho extra a cada transbordo (por causa das bicicletas). Incerteza acerca da continuação da viagem aquando de cada um dos 2 transbordos. Desconhecimento acerca das condições para transportar e prender as bicicletas (espaço? sistemas de retenção?)… Viagem relaxada, todos podem aproveitar o tempo para algo mais que não apenas conversar (o acessível no carro), como ler, etc.

Carro: 4h45min, 11.25 € / pessoa. Extras não contabilizados: custos de deslocação em Aveiro. Flexibilidade de horas de partida, alterações à rota, etc. Mais cansativo (condução, inactividade física), monótono (paisagem), mais perigoso (sinistralidade rodoviária), mais caro (desgaste do veículo não contabilizado).

Não é por 3 € (com os descontos esta diferença pode até desaparecer) ou mesmo pelos 30 minutos a menos de viagem que se optará pelo automóvel. O mais preponderante será mesmo o facto de que não é dada ao passageiro quando compra o seu bilhete a garantia de que poderá fazer a viagem toda no horário previsto. Nesses termos, mesmo quem viaja sozinho provavelmente escolherá o carro apesar de a despesa ser muito maior (não há mais gente com quem dividi-la). Depois disso a qualidade das composições (e, logo, da viagem de comboio propriamente dita) e o tempo e condições oferecidas em cada transbordo (será que 5 minutos ou menos dá para tirar as bicicletas de um comboio, localizar o da ligação seguinte, ir até lá, e carregar as bicicletas?).

Agora comparemos com as alternativas que não são oferecidas a quem queira levar a bicicleta no comboio (mesmo que se pagasse por isso):

Intercidades:

detalhesIDA-IC

Alfa-pendular:

detalhesIDA-AF

Não há transbordos, o tempo de viagem cai para metade, e o preço aumenta um bocado para reflectir isto e o maior conforto das composições.

Seria pedir muito que os Intercidades fossem remodelados, se necessário, para permitir o transporte de bicicletas? Seria pedir muito que fosse possível reservar bilhetes para uma viagem que incluam o lugar do passageiro e da sua bicicleta?

Será que a CP não vê que há um mercado imenso a ganhar de gente que agora não usa os seus serviços porque ou faz turismo de carro ou ainda não faz turismo de todo?

Resumindo, a melhor alternativa para estes 4 ciclo-activistas parece ser irem de carro, o que só ilustra a necessidade de ser tratar de ciclo-activistas

Por aqui se vê a necessidade premente desta conferência e de outras iniciativas que promovam o debate, a troca de ideias, a divulgação, a promoção do turismo em bicicleta, onde a multi-, inter- e co-modalidade são peças fundamentais.

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CP: novas carruagens na linha de Cascais (e não só)

Via Transportes em Revista (12/01/2009):

Material circulante
CP investe 370 milhões em novos comboios

A CP recebeu recentemente autorização do Governo para renovar o seu parque de material circulante, obtendo permissão para comprar 74 novas locomotivas e carruagens de passageiros. Os novos comboios destinam-se às redes suburbanas de Lisboa e do Porto e do serviço regional, num investimento de cerca de 370 milhões de euros. Segundo declarações de Ana Paula Vitorino, secretária de Estado dos Transportes, ao Diário Económico, “na Linha de Cascais, serão investidos 180 milhões de euros, para a aquisição de 36 unidades, enquanto na linha do Sado, o investimento é de 25 milhões de euros para 5 unidades. O serviço urbano do Porto receberá 8 unidades, cujo investimento é de 40 milhões de euros. Para o serviço regional irão 25 unidades, no valor de 125 milhões de euros”. A razão da metade do investimento ser direccionada para a renovação da linha de Cascais, prende-se com o facto de alguns comboios já terem mais de meio século de existência, pois “ são comboios decentes em qualquer parte do mundo, têm ar condicionado, música, informações na hora (…) o grande problema é a manutenção, que além de ser muito cara, se depara com a falta de peças” declarou Francisco Cardoso dos Reis, presidente da CP, ao mesmo diário. No que respeita ao serviço regional, as unidades a adquirir serão automotoras a “diesel”, com possibilidade de posterior adaptação a alimentação eléctrica, sendo que estas unidades serão especialmente dirigidas aos serviços regionais das linhas do Algarve, Douro e Oeste. O concurso será dividido em dois lotes para os comboios suburbanos e regionais, havendo a possibilidade dos interessados concorrer a um ou aos dois lotes simultaneamente.

É uma oportunidade de planearem de raíz a acomodação de bicicletas e outra bagagem volumosa nas suas carruagens, de acordo com as directivas europeias (e boa lógica comercial)