Um uniciclo reclinado. Porque não? 😛
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Alhos e bugalhos
Um ciclista dirige-se para o trabalho às 05h30, de madrugada, e para atalhar caminho, parece, usa uma rua de sentido único, em sentido proibido e, num entroncamento sem visibilidade colide violentamente com um automóvel, morrendo instantaneamente.
Um jornalista conclui automaticamente que este é mais um caso que vem ilustrar a necessidade de ciclovias na cidade de Vigo, e sustenta tal opinião com o facto de 2 mil ciclistas se terem manifestado dias antes, reivindicando a não anulação do projecto já adjudicado de construção de uma ciclovia ao longo da costa que permita ligar Vigo a A Ramallosa, e que ofereça maior segurança e conforto aos ciclistas que já fazem esse percurso em lazer ou em desporto (e angariando mais dentre as pessoas que se dirigem para as praias), comparando com a via de elevado volume de tráfego motorizado actualmente disponível.
Eu diria que uma coisa não tem a ver com a outra. Eu olharia para a notícia do ciclista abalroado e morto (e da condutora em choque) e pensaria que é mais um caso que vem ilustrar a necessidade de formação e sensibilização dos condutores de bicicletas e de automóveis para saberem evitar situações em que se possam pôr em risco a si próprios ou aos outros. O ciclista deveria saber que os outros condutores não esperam cruzar-se com ele numa rua de sentido único em que ele segue em sentido proibido e que tal manobra é ilegal e, das duas uma, ou não seguir em contra-sentido ou fazê-lo de forma consciente e o mais segura possível. A condutora deveria fazer aquela curva cega com mais cuidado, afinal, era uma curva cega, e era de noite. Ambos foram parcialmente culpados, embora o grosso da culpa recaia sobre o ciclista, pela informação a que consigo aceder.
Olharia ainda para a notícia sobre a manifestação de ciclistas pela ciclovia pela costa e pensaria que tal infraestrutura, se bem desenhada, pode ser algo muito positivo e vantajoso para os utilizadores de bicicleta, seja em que contexto for – utilitário, lúdico ou desportivo, e que tal via não pode ser encarada como um corredor para proteger os ciclistas de si próprios, como parece ser a ideia do jornalista.
[Notícia via lista do CiudadCiclista.]Encontrei isto no blog do Tom Vanderbilt e achei curioso (remember, I majored in Biotechnology 😉 ), uma passagem do livro “The Limits to Travel” de David Metz, que traduzo:
Considerando tudo, as provas disponíveis sugerem que o Homem evoluiu para viajar por longas distâncias caminhando e correndo. À medida que foi desenvolvendo tecnologias, estas puderam ser exploradas para viajar para mais longe e mais depressa. Daí resultam as origens de muita da história e geografia da Humanidade que nós aprendemos na escola, e não de somenos importância, a predisposição das pessoas para migrarem de onde nasceram para outras cidades ou estranhos novos países em busca de uma vida melhor. Isto tem tido implicações para a nossa própria evolução. Steve Jones, professor de Genética na University College London (UCL), chamou a atenção para o facto de que se os antepassados de determinada pessoa vieram da mesma aldeia eles podem facilmente ter sido aparentados, mas isto é muito menos provável se eles nasceram a centenas de quilómetros um do outro. Na Oxfordshire do século 19, a distância média entre os lugares de nascimento de parceiros de matrimónio era menos de 15 km. Agora é mais de 50 km, e nos EUA é de várias centenas. Uma consequência deste aumento de mobilidade é que as populações do mundo estão a começar a fundir-se geneticamente. Steve Jones sugere que o evento mais importante na evolução humana recente foi a invenção da bicicleta.
Uma espécie de Alley Cat Race em NYC entre um yellow cab e um pedicab:
Repararam nos similaridades “antagónicas” dos condutores? 🙂
[Via]