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Oops, fugiu-lhes a boca para a verdade:
A bicicleta pode circular em qualquer local da cidade, mas existem pistas apropriadas para facilitar a circulação do tráfego normal.
O tráfego em bicicleta é “anormal”, claro está, e não pode empatar o outro, o normal. 😛
É costume apontar a distância mínima de passagem entre veículos como uma questão de segurança, porque o é. Menos comum, porém, é referir que a distância deixada entre veículos no momento da ultrapassagem também é uma questão de conforto.
Quando alguém opta por usar o carro quando tem à disposição transportes públicos que perfazem o mesmo percurso e por vezes até de forma mais rápida, é habitual que a base dessa decisão seja o conforto acrescido do carro. Os assentos do carro são confortáveis e ergonómicos e o carro pode estar equipado com ar condicionado.
Um ciclista também usufrui de um nível de conforto e ergonomia variáveis que estão relacionados com o estado mecânico da bicicleta, o selim, a posição de condução.
Outra variável do conforto dos condutores é a proximidade de circulação de outros veículos relativamente ao seu.
Um motorista que seja seguido por um veículo a uma distância que impeça o condutor deste segundo veículo de parar a tempo de evitar uma colisão numa situação de emergência, não é apenas inseguro, como é desconfortável. Aumenta os níveis de stress do motorista que segue à frente e isso causa desconforto.
Se um motorista de um veículo ligeiro for ultrapassado por um veículo pesado com uma diferença de velocidades de uma ordem de grandeza de 2 ou 3 vezes, e esta ultrapassagem for iniciada e terminada a poucos cm do primeiro veículo, o condutor deste verá o seu estado de stress elevar-se a níveis que causarão decerto um enorme desconforto.
Agora imagine-se a mesma situação entre ciclistas e motoristas de diversas classes de veículos. Facilmente se circula em cidade e nas localidades a velocidades acima dos 60km/h, um ciclista que use a bicicleta para transporte no dia-a-dia é capaz de manter velocidades entre 14km/h a 30km/h. Uma ultrapassagem de um ciclista por um condutor de um veículo ligeiro é próxima em sensação à ultrapassagem de um motorista de um veículo ligeiro por um motorista de um veículo pesado.
Se nas situações que refiro atrás um motorista sente desconforto e está dentro de uma casca metálica e insonorizada, mesmo que não utilize a bicicleta no dia-a-dia, não lhe custará muito ter pelo menos uma ideia sobre como se sentirá um ciclista em situações semelhantes, se pensar nisso um bocado.
Se um motorista tem ao seu dispor os níveis de eficiência e potência dos veículos motorizados actuais, deve exigir-se que faça uso adequado destes, tendo maior consideração pelos condutores de veículos que destes não dispõem. Por alguns segundos, ou minutos de atraso causados pela redução de velocidade recuperável de forma imediata e sem esforço com o mero aperto do pedal de aceleração, é possível garantir que os condutores de veículos sem essas facilidades mantenham um nível de conforto equivalente ao exigido pelos motoristas.
Por este motivo o mínimo que se pode exigir aos motoristas que encontrem um ciclista a circular na sua via é que tendo em conta o conforto do ciclista, tentem fazer o seguinte:
Reduzir a velocidade do veículo que conduzem ao avistar um ciclista:
Deve ser tido em atenção que a velocidade a que segue o ciclista será pelo menos metade da velocidade a que seguem os veículos motorizados (até menor na maior parte dos casos) em estradas com o transito fluído.
Pode não ser possível efectuar a ultrapassagem imediatamente e por isso será necessário equiparar a velocidade do veículo motorizado com a do ciclista.
Para poupar os travões e pneus do veículo, o motorista deve reduzir a velocidade atempadamente e de forma suave e dessa forma transmitir aos condutores que seguem atrás de si que devem também reduzir a velocidade dos veículos que conduzem.
Ao aproximar-se do ciclista, devem manter uma distância que garanta o conforto deste:
Se a faixa de rodagem tiver mais do que duas vias em cada sentido, o motorista deve utilizá-las de forma a mais uma vez garantir o conforto do ciclista. Deve ultrapassá-lo utilizando uma via à esquerda do ciclista. Impedirá também assim que outro veículo o ultrapasse enquanto ultrapassa o ciclista, obrigando-o a aproximar-se deste, e resultando na redução do seu conforto e pondo também a sua segurança em risco:
Se a faixa de rodagem tiver apenas uma via em cada sentido, o motorista deve efectuar a ultrapassagem correctamente, usando a via de sentido contrário na totalidade. Desta forma garante o conforto do ciclista e permite que os veículos que seguem atrás de si percebam que circula um ciclista na mesma via:
Se quando conduzimos um veículo motorizado valorizamos o conforto que ele nos proporciona, devemos ter em conta aquilo que contribui para esse conforto e tentar não afectar os condutores dos outros veículos de formas que comprometam o seu conforto.
Um ciclista não tem uma casca metálica e insonorizada à sua volta, e os pedais que propulsionam o seu veículo requerem um esforço muito maior da sua parte que um veículo motorizado requer do seu condutor. O conforto da sua viagem não só depende do selim, do guiador, da posição das manetes de travão ou da disposição da carga no suporte, por exemplo, depende também com um peso muito significativo da interacção com os condutores dos outros veículos, principalmente os motorizados.
Reciclagem
Além de carteiras, as câmaras de ar velhas também podem ser reutilizadas/recicladas para fazer coleiras e trelas para cães! 🙂
Medir, registar, avaliar o impacto de qualquer medida ou projecto é essencial para poder definir estratégias políticas e económicas eficientes e eficazes. Cá em Portugal não é muito habitual fazer-se isso.
Gostava de ver algo similar cá, quer em investimento quer em preocupação genuína no sucesso das medidas, programas e obras implementadas. Ver que efeito têm as ciclovias, as BUGAS, BICAS e afins, e… bom, não há mais nada, ou há? 🙁 A ideia que passa é que as coisas feitas cá são inconsequentes, para encher chouriços ou para inglês ver, de fachada. É uma tristeza e envergonha-me, como cidadã portuguesa, e desilude-me e frustra-me, como ciclista portuguesa.