O que é a Massa Crítica?
É um passeio de bicicleta mensal para celebrar o uso da bicicleta e para afirmar o direito dos ciclistas à estrada. A ideia começou em S. Francisco em 1992 e rapidamente se espalhou por outras cidades pelo mundo inteiro.
A Massa Crítica tem um ‘sabor‘ diferente de cidade para cidade – há muita variedade no tamanho, observação das regras de trânsito (ou falta dela), interacção com os motoristas, e intervenção da polícia. Até mesmo dentro da mesma cidade, as coisas variam um pouco de mês para mês, antes de mais porque a MC é feita por quem nela participa, e é um evento aberto.
A Massa Crítica não tem líderes, ‘responsáveis’, e não há nenhuma organização central a autorizar os passeios. Em cada cidade, alguns ciclistas locais simplesmente escolheram uma data, hora e local para o passeio e divulgaram-nos, e assim nasceu a MC.
A MC é uma ideia e um evento, não uma organização ou associação. Não é possível entrar em contacto com a “Massa Crítica”.
A MC não é um evento desportivo, nem uma manifestação, é um percurso de bicicleta pela cidade e não requer nenhuma autorização especial, tal como não é requerida para voltas similares de carro, a caminho de casa, de um casamento, ou depois de um jogo de futebol. A MC não embaraça o trânsito, a MC é trânsito. O embaraço do trânsito nas cidades é causado essencialmente por demasiada gente a deslocar-se de carro, não de bicicleta.
A intenção é a MC ser uma celebração e não uma oportunidade para causar sarilhos. Quem quiser empatar o trânsito tanto quanto possível e ser confrontacional com os motoristas não está a perceber a ideia. Podemos afirmar o nosso direito à estrada sem sermos grosseiros acerca disso. Concentre-se no passeio, não nos carros que, por acaso, também estão na estrada.
A Massa Crítica ocorre na última 6ª-feira de cada mês em várias cidades em todo o mundo, com início às 18h em várias cidades portuguesas. Acaba geralmente com conversa e às vezes com um copo ou um jantar em local definido pelos presentes a cada MC. O percurso é também definido pelos participantes, não há programas fixos nem pré-definidos.
Por um lado, visa proporcionar uma oportunidade de encontro e convívio entre as pessoas que o fazem, e até destas com as que o querem fazer. É importante para nos sentirmos menos sós nesta opção de mobilidade ainda minoritária, e nos identificarmos com um grupo, legitimando e reforçando assim a nossa opção. É uma boa oportunidade de conhecer pessoas e de trocar ideias e experiências relativamente à escolha de bicicletas e acessórios, rotas preferidas, truques e dicas, saber das últimas novidades, etc.
Por outro lado, visa demonstrar aos outros, nomeadamente aos automobilistas, com quem partilhamos as vias rodoviárias onde circulamos, que a bicicleta como opção de transporte é legítima, adoptada por cada vez mais pessoas, e vantajosa para quem a usa e para todos os outros. Nesta óptica, a MC serve para angariarmos mais respeito e mais ciclistas. 😉
Para quem é a Massa Crítica?
Para gente de todas as idades, para famílias, para ciclistas veteranos, principiantes e prospectivos, ocasionais ou quotidianos, para gente que também conduz automóveis e gente carfree. Para patinadores, skaters e modos activos afins.
O que fazer:
- Aparecer, para conviver e dar massa à Massa!
- Divulgar e convidar gente via e-mail, blogs, Facebooks e afins.
- Levar amigos (dando-lhes a conhecer previamente este ou outro guia!), para partilhar com eles a experiência de andar de bicicleta pela cidade integrado num grupo grande, e para ter companhia a voltar para casa.
- Levar luzes, essenciais para andar à noite (principalmente depois da MC)!
- Levar um cadeado e equipamento para a chuva e para o frio, para caso se revelem necessários.
- Dar uso à campainha, e às palavras de ordem, a MC é festa! Um muito popular: “não sejas pateta, anda de bicicleta!” Mantê-las positivas e evitar palavras hostis para quem se encontra dentro dos carros.
- Ceder passagem aos peões nas passadeiras e semáforos – os peões somos nós mal pomos o pé no chão, e o andar a pé é a opção mais sustentável de mobilidade.
- Evitar andar mais que 2 pessoas a par (nomeadamente nas vias mais estreitas), para manter espaço entre elas e entre elas e os veículos que lhes passam ao lado na via da esquerda (automóveis e afins) e na via da direita, BUS, (autocarros e táxis), e permitir a ultrapassagem por outros ciclistas.
- Manter os participantes mais vulneráveis (crianças, pessoas mais velhas, principiantes, famílias com crianças, etc), sempre envolvidos pelo grupo – não os deixar para trás nem “despidos” da Massa atrás, à frente ou dos lados.
- Ser assertivo mas cortês: a MC é uma celebração e expressão do uso da bicicleta, queremos ser respeitados e para isso temos que saber respeitar os outros.
- Ao longo do percurso, nos momentos de paragem, divulgar a MC pelos automobilistas parados no normal congestionamento da hora de ponta, e explicar o que é “aquilo” (tanta gente de bicicleta) e quando acontece e porquê.
- Vir preparado para aceitar propostas de tomar um copo ou jantar após a MC. 🙂
- Tirar fotos e pô-las depois no site, nos blogs pessoais, Facebook (grupo PT, grupo Lx, etc), grupo da MC no Flickr, etc.
O que NÃO fazer:
- Ocupar os corredores BUS, é ilegal, e o transporte público colectivo é nosso amigo e não o devemos prejudicar.
- Ocupar todas as vias de trânsito quando há 3 ou mais, não há necessidade. A não ser que a Massa seja muito grande, coesa e circule a boa velocidade que não destoe do resto do trânsito congestionado, onde pode ser mais eficiente ocupar todas as vias não-BUS para a Massa passar mais rapidamente e reduzir as rolhas, procuremos deixar sempre a via mais à esquerda livre para ultrapassagens.
- Deixar criar ‘buracos’ na Massa (andar demasiado depressa ou demasiado devagar face ao resto do grupo) – isso enfraquece o grupo no fluxo geral do trânsito, dificulta a posição dos corkers* e tira impacto e fluidez à Massa Crítica.
- Filtrar as filas de automóveis – faz justamente o que queremos evitar a todo o custo, carros a quebrarem o grupo (e neste caso por nossa culpa!). Há que esperar, como ‘massa’, na fila, para manter a coesão do grupo.
- Hostilizar os automobilistas com palavras de ordem anti-carro (não há que ser anti-carro, apenas anti-abuso-do-carro). Pró-bicicleta surte melhor efeito. 😉
- Perder a calma e a compostura com as ocasionais vítimas de ‘road rage‘ – para minimizar a sua incidência e impacto é muito importante manter o grupo compacto e fluido (evitar andar demasiado devagar quando não há motivo para tal), falar com os motoristas à espera para passar, acenar e verbalizar um obrigado quando tomamos um direito de passagem que pertenceria a outros.
*Os corkers são elementos que, nos cruzamentos e entroncamentos, se posicionam nas vias que cruzam aquela em que a Massa está a circular, de modo a prolongar o dever de cedência de passagem dos veículos que se preparam para entrar, para permitir a passagem da Massa toda, impedindo a sua fragmentação.
Esta é a única acção ilegal na MC, por isso é importante que os corkers actuem em grupos de 2 ou 3 por cada semáforo, e que comuniquem com os condutores que ficam à espera quando a sinalização lhes daria prioridade na passagem – isto serve 2 propósitos fundamentais: reduz a frustração e protestos dos condutores (sentem que não é justo estarmos a usar a vez deles de passar, não é só a questão de ser legal ou não) porque lhes é explicado o que é, para que serve, quanto tempo demora e o impacto negligenciável que terá na duração da sua viagem (não esquecer que a MC decorre à hora de ponta…), acompanhado de um “obrigado“, e ao mesmo tempo divulga o evento, o uso da bicicleta, e sensibiliza-o para o próximo encontro com a MC ou com ciclistas.
Evitar a fragmentação do grupo é importante para garantir o máximo de protecção de cada elemento no grupo, a fluidez geral do trânsito, paragens para re-agrupamento, hesitações na rota, etc. O efeito do corking na fluidez do trânsito automóvel e no tempo de viagem das pessoas que ficam mais 1 ciclo paradas nos semáforos, é negligenciável, porque ocorre à hora de ponta, em que o maior obstáculo à velocidade automóvel são a quantidade inacreditável de outros automóveis presentes em todas as ruas e avenidas da cidade…
Apareçam e mantenham-se em contacto com outros ciclistas nas listas de e-mail. Para anúncios e relatos relacionados com as MC, mas não só:
- Bicicletada Nacional
- Bicicletada Lisboa
- Bicicletada Porto
- Bicicletada Coimbra
- Bicicletada Guarda
- Bicicletada Seixal
Para tudo: