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Bicycle Film Festival Lisboa 2011

O BFF volta a Lisboa, este ano decorre de 30 de Setembro a 2 de Outubro, vejam a programação aqui. E na 6ª-feira, dia de Massa Crítica, há uma festa a celebrar mais um aniversário desta. 🙂

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«Cenas a pedal para todos os gostos»

Ontem à tarde tivemos cá no ateliê a visita de duas simpáticas jornalistas do portal Sapo a gravar uma entrevista sobre a CaP, e aqui está o resultado, com que estamos, a propósito, muito satisfeitos! 😀 Rita e Inês: muito obrigada pelo vosso bom trabalho!

Cenas a pedal para todos os gostos

21 de setembro de 2011, 17:46

Por uma maior qualidade de vida. Este é o lema do espaço criado por Ana Pereira e Bruno Santos há 5 anos. O objetivo da empresa foi contribuir para colmatar as lacunas do mercado português na área das bicicletas utilitárias e promover um estilo de vida baseado na bicicleta como veículo de transporte e de lazer.

Não é uma loja mas sim um espaço multifunções. Na “Cenas a Pedal” qualquer pessoa pode visitar o show room e encomendar uma bicicleta para comprar ou simplesmente alugar, ter formação prática em condução de bicicleta, comprar todo o tipo de acessórios ou consertar o seu veículo a pedal.

Uma das inovações criadas pela empresa foi o serviço “Bicycle Repair Man”, um serviço de assistência que “luta contra o flagelo das bicicletas avariadas e dos seus ciclistas apeados no centro de Lisboa”, segundo o site da empresa. O “super-homem das bicicletas” também faz visitas ao domicílio.

Ana é formada em química aplicada ramo biotecnologia e Bruno tirou um curso de informática. A formação profissional pode não ser parecida mas o gosto por bicicletas é comum ao casal que quis criar um espaço útil a todos os ciclistas.

Para além dos vários serviços prestados, a empresa tem participado em diversos eventos e iniciativas que tenham a ver com “cenas a pedal” e mobilidade.

No próximo sábado, dia 24, realiza-se a Feira de Bicicletas Maduras, das 15h30 às 17h30, na Av. de Álvares Cabral, em Lisboa, onde qualquer um pode comprar e vender os seus veículos a pedal ou outros objectos. Não há tendas nem espaços delimitados, é só chegar, encostar as bicicletas à parede, pendurar os acessórios e começar a vender.

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Circulando en bici con seguridad

Aqui está um bom pequeno vídeo de educação rodoviária para ciclistas e não só, vindo de nuestros hermanos:

Para aprender mais, é só inscreverem-se no próximo Ir & Vir de Bicicleta! 🙂

Quer usar a bicicleta como meio de transporte?

Conhecer os seus direitos e deveres enquanto condutor(a) de uma bicicleta, as regras que regem o trânsito, e as técnicas para evitar acidentes, escolher os melhores percursos e pedalar com conforto nas suas viagens, são essenciais para que possa desfrutar ao máximo das vantagens da bicicleta como meio de transporte lúdico ou utiliário.

Ir & vir de bicicleta

Mãe & filha Começar e terminar uma deslocação em estrada, posicionamento na via, ultrapassagens, passar ruas laterais, virar de uma rua principal para uma secundária e vice-versa, estratégias de condução segura, regras básicas do CE (nomeadamente interpretação de sinais e marcas rodoviárias).

Atenção que a frequência prévia numa Clínica de Bicicleta é um pré-requisito para este curso (o domínio do veículo antes do domínio da estrada!).

Próximas datas:

  • Clínica de Bicicleta, 24 Setembro 9h-12h, 24 €
  • Ir & Vir de Bicicleta, 22 e 29 de Outubro, 9h30-11h30, 39 €
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Ciclovias e bombeiros de bicicleta no telejornal

Aos 18min12s da 2ª parte do Primeiro Jornal de 20-08-2011, na SIC, aparece uma peça sobre a inauguração de um novo troço de ciclovia que liga a praia do Osso da Baleia, em Pombal, à Nazaré, feito juntamente com um novo troço da Estrada Atlântica. Esta estrada é acompanhada por uma ciclovia e liga o litoral de quatros concelhos do distrito de Leiria, entre a praia do Osso da Baleia (Pombal) e o Sítio da Nazaré, passando pela praia do Pedrógão (Leiria), Vieira de Leiria e São Pedro de Moel (Marinha Grande). É possível agora percorrer 70 Km nesta ciclovia, ora pela mata ora à beira-mar.

Àparte os ciclistas de clube com capacetes mal ajustados, a propaganda do medo, e os defeitos do costume na ciclovia a nível de segurança e usabilidade, é uma boa notícia e uma obra útil. 🙂 Aproveitar os fundos europeus tem sido o grande motor da construção de ciclovias, só era bom que se preocupassem em fazê-las melhorzinhas, já que estão nisso mas pronto. Mas estas, como são fora da malha urbana, não é tão grave.

Logo a seguir no telejornal passaram também uma notícia sobre mais bombeiros a fazer rondas de bicicleta, desta vez em Sintra (numa bicicleta hardtail mesmo fixe para aquele empedrado e tal… :-S ).

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Estratégia 20:30:30:20, ou por que não devemos ver o mundo às fatias

A última newsletter da ECF inclui um artigo que pergunta: Is Europe A Cycling Utopia? The Charter of Brussels and European Bicycle Policy Trends“.

Citando: a Carta de Bruxelas, lançada na Velo-City de 2009, é a principal carta de princípios da ECF. Apela aos “fazedores de política” que promovam o uso da bicicleta e que definam metas claras e mensuráveis para o mesmo, em termos quer de distribuição modal (a percentagem de viagens feitas de bicicleta do número total de viagens), quer de segurança rodoviária. Vilas e cidades podem assinar a Carta de Bruxelas. Ao fazê-lo, comprometem-se a investir numa política para a bicicleta como parte integrante da mobilidade urbana. Ao mesmo tempo, a Carta é uma chamada à União Europeia para promover a bicicleta em meio urbano.

Ainda nenhuma cidade portuguesa assinou esta Carta. Em Espanha vão em 4. Para ilustrar a enorme variação a nível de utilização da bicicleta por toda a Europa, usaram um gráfico do Eurobarómetro 2011 (dados de 2010).

 

O que é que este gráfico nos diz, exactamente? Que tipo de coisas é possível inferir daqui?

Usando os dados disponíveis no documento do Eurobarómetro, coloquei num gráfico os dados relativos a alguns países seleccionados por serem comummente indicados como o modelo a seguir e outros pela proximidade geográfica ou cultural.

No primeiro gráfico agrupei os modos mais sustentáveis (transportes públicos, andar a pé, bicicleta) de forma a mais facilmente compará-los com o modo menos sustentável de transporte pessoal (automóvel):

Parece-me a mim que deveríamos estar todos a olhar para Espanha, que consegue ter 50 % das pessoas a depender das opções mais sustentáveis. No entanto, os políticos e os media focam-se sempre nos Países Baixos, Dinamarca, etc, por causa das bicicletas. Desagregando os modos mais sustentáveis:

Os Países Baixos estão muito à frente, com 31 % das pessoas a depender essencialmente da bicicleta no seu dia-a-dia, depois vem a Dinamarca com 19 %, depois a Suécia com 17 %, a Alemanha com 13 % e a Áustria com 8 %, e os outros com uns miseráveis 2-3 %. Em compensação, nestes países com muito ciclistas, os peões são espécies raras: Países Baixos com 3 %, Dinamarca com 4 %, Alemanha 7 %. De notar que Portugal aqui é o vencedor, com 18 % de pessoas a andar a pé, depois Espanha com 15 %, Reino Unido com 13 %. Também nos transportes públicos os “países da bicicleta” (11 %, 12 % e 15 %) ficam bastante aquém de Portugal e Espanha (22 % e 30 %).

O que se conclui daqui é que os Países Baixos, Dinamarca e Alemanha não estão melhores que Portugal e Espanha a nível de distribuição modal de modos sustentáveis. O que eles têm a mais em ciclistas têm a menos em peões e utilizadores de transportes públicos. Os ciclistas ocuparam o nicho ecológico dos peões. Agora, porque haveríamos de querer perder a cultura mediterrânica do andar a pé para a trocar por uma cultura de gente em bicicleta?… Que custos isso implica, e que ganhos traz?

Entretanto, em todos estes países, mais de metade da população depende essencialmente do carro para se deslocar no dia-a-dia. Alemanha, Áustria, Dinamarca, França, usam mais o carro que Portugal.

Será que temos um problema por não termos pessoas suficientes a andar de bicicleta em Portugal? Ou será que temos um problema por termos pessoas demais a andar de carro?…

Afinal, quais são os problemas que assolam as nossas cidades e afectam quem nelas vive e trabalha, e que urge resolver?

  • escassez de espaço público de fruição (espaço é todo cedido ao automóvel, não sobrando espaço para circulação e estadia de peões: passeios, mobiliário urbano, esplanadas, quiosques, parques e jardins, árvores e canteiros, parques infantis, acessos, etc)
  • poluição atmosférica (doenças, degradação de edifícios)
  • ruído (doenças)
  • insegurança rodoviária (mortos e feridos, prejuízos materiais)
  • congestionamentos (falta de fiabilidade na duração dos trajectos e muito tempo perdido em deslocações, afectando a produtividade e a competitividade das empresas em geral e dos transportes públicos)
  • falta de acessibilidade (desenho para quem anda de carro porta-a-porta, estacionamento ilegal em passeios, passadeiras e demais zonas pedonais)
  • insegurança social (espaço público degradado e sem vida atrai delinquência e afasta as pessoas)
  • isolamento social (as pessoas fogem da rua por causa do perigo e do incómodo dos carros, não estabelecendo relações de proximidade na vizinhança)
  • obesidade e doenças relacionadas (dependência do carro para transporte porta-a-porta implica um estilo de vida sedentário que leva a problemas de saúde, e que já afectam as crianças)
  • endividamento das famílias (adquirir e manter 1, 2 ou mais automóveis por agregado familiar pesa imenso no orçamento familiar, levando ao endividamento ou a preterir outras opções de consumo mais construtivas – formação, cultura, lazer, desporto)

Estes problemas não se resolvem aumentando o número de ciclistas se isso implica reduzir o número de peões e de utentes dos transportes públicos, resolvem-se reduzindo a causa do problema: o excesso de carros, e o excesso de viagens de carro. É que se apontarmos para reduzir o problema, bom, reduzimos o problema. Se apontarmos para aumentar as soluções, podemos estar simplesmente a baralhar e voltar a dar, sem mexer no problema, e quiçá criando outros.

C + P + TP + A = 100,

pelo que C = 100 – (P + TP + A)

e A = 100 – (P + TP + C)

Sendo:

  • C ciclistas
  • P peões
  • TP utilizadores de transporte público
  • A automóvel

Um aumento de C pode ser obtido à custa de uma redução de P, TP e/ou A, o que significa que podemos conseguir um grande aumento de C apenas reduzindo P ou TP e deixando A igual, o que teria um impacto negativo (andar de bicicleta não é mais sustentável que andar a pé e de transportes públicos).

Já uma redução de A origina, necessariamente, um aumento de C, P e/ou TP, tendo sempre um impacto positivo porque qualquer uma dessas opções é mais sustentável que o carro.

Não precisamos de políticas para aumentar o número de bicicletas (estratégia pull), precisamos de políticas para reduzir o número de carros (estratégia push). Continuamos em negação, e isso está a sair-nos caro.

Reduzir o número de carros em circulação é bom para toda a gente, mesmo para quem anda de carro! Permite reduzir os congestionamentos (bom para taxistas, TP, empresas de logística, profissionais móveis, e o cidadão comum quando tem que usar o carro para os seus afazeres) e encontrar mais facilmente lugar livre para estacionar.

Comecemos pelo simples e lógico, eliminar as deslocações de carro ridículas.

A avaliação dos resultados das iniciativas pró-bicicleta é fundamental, de modo a perceber como foram conseguidas mais viagens em bicicleta, pois o que interessa é que tenham sido feitas de carro anteriormente, e não que tenham vindo substituir viagens a pé ou de transporte público…

Enquanto nos mantêm entretidos a celebrar e lutar por migalhas com os outros mexilhões do espaço público e do sistema de transportes, o automóvel mantém e expande o seu domínio, escravizando-nos a todos (começando por quem mais dele depende).

Porque não objectivos mais ambiciosos e holísticos? 20:30:30:20?

  • a pé 20 %
  • transporte público 30 %
  • bicicleta 30 %
  • automóvel & moto 20 %

De notar que isto não se trata de exclusão de modos, mas apenas de equilíbrio. Os carros são úteis e necessários para muitas actividades e em muitas situações e devem servir bem o seu papel nesses casos. Mas há alternativas melhores para os outros casos. Não podemos aceitar que funcionem livremente como ervas daninhas no ecossistema urbano.

Uma cidade com esta distribuição modal terá um sistema de transportes públicos eficaz, espaço público de qualidade, comércio de rua pujante, e uma população mais rica e mais saudável, e toda a gente chega aonde precisa de chegar, em tempo útil e em conforto e segurança. Trabalhemos para uma visão do bolo inteiro e não de uma só fatia…