Começa hoje a conferência Velo-City, a primeira edição “Global”, agora é anual. Decorre em Copenhaga, na Dinamarca, pelo que é uma excelente oportunidade para, paralelamente, ter a possibilidade de experimentar a observar ao vivo e a cores uma cidade que tem sido “heavily marketed” como uma cidade para ciclistas.
Decidimos aproveitar esta oportunidade e por isso vim. Venho em representação da Cenas a Pedal, mas também indirectamente dos outros projectos grassroots a que estou associada pessoalmente, pelo que estou a usar vários chapéus. 🙂
Apenas 3 outras entidades portuguesas estão registadas, sendo que o alcance dos seus chapéus é de pelo menos 5 entidades, entre imprensa, empresas de consultoria, ONGs, institutos de investigação e municípios. Mas para uma nano-empresa como a nossa, isto é um grande investimento, mas apenas traduz o nosso interesse e empenho pessoal e profissional nesta área.
Entretanto, ontem já fui levantar uma bicicleta à Baisikeli, que cede as bicicletas para os participantes da Velo-City que o tenham solicitado. É um pouco grande para mim, mas serve. 🙂 Agora é sair e pedalar!
Vai ter lugar nos dias 16 e 17 de Setembro deste ano, no Centre for Mobilities Research, na Lancaster University, em Lancaster, no Reino Unido, o simpósio e workshop “Bicycle Politics”.
Parece muito interessante! 🙂
The major role and relevance of bicycles and cycling to future life seems increasingly unquestionable. On the ground, projects across the world are committed to promoting cycling and/or cycling-oriented subcultures. In both theory and practice, there’s a real energy and vitality to think about cycling differently, to carve out alternative possibilities around the bicycle.
But if cycling is enjoying a renaissance, it is also under fire. Whilst almost everywhere people are pushing for cycling, it also seems that almost everywhere cycling is deeply problematic – contentious, oppressed, discriminated against.
Bicycles, cycling and cyclists seem to invoke love and hate in equal measure …
Bicycle Politics, a two day event hosted by the Centre for Mobilities Research (CeMoRe) at Lancaster University, UK, aims to explore bicycles and cycling politically. By thinking creatively and critically, its political project is to help push bicycles and cycling further into the hearts of our cities and societies, to improve the possibilities for cycling to re-make our world, to assist cycling’s obvious potential to contribute to alternative, sustainable mobility futures.
To this end, we are calling for critical explorations of the political, social, cultural and economic barriers to current and future cycling, as well as for critical investigations of the ways in which bicycles, cycling and cyclists are currently framed.
We welcome all proposals for papers which fit under the broad heading of Bicycle Politics. Such contributions might examine:
• Cycling and political economies and ideologies
• The politics of cycling ‘promotion’
• Critiques of cycling
• Cycling and discriminations
• Cycling and inequalities
• Cycling, social control, freedom and deviance
• Cycling, space and the politics of space
• Cycling, social movements and social change
• Cycling and identity
• Cycling and the politics of representation
• Feminist perspectives on cycling
• Cycling and the law
The precise structure of the event will be decided later. But we anticipate the first day comprising paper presentations, with the second day given over to deeper explorations of the papers and ideas presented the previous day. Our intention is to produce an edited collection, Bicycle Politics, from the event.
If you wish to present a paper, please send title and abstract, by Wednesday 5th May 2010, to both:
Dave Horton – and Aurora Trujillo –
We aim for the symposium and workshop to be free and open to all. However, spaces could be limited. So if you would like to participate, but do not plan to present a paper, please email us to reserve a place.
Este evento foi pioneiro em Portugal, e até agora não tenho ainda conhecimento de outro evento nacional comparável. A ideia é similar à da famosa “Ciclovia” de Bogotá, embora tenha sido implementada uns 25 anos depois, e tenha uma escala incomparavelmente menor em termos de extensão e periodicidade.
De qualquer modo, é uma iniciativa fantástica, que apoiamos a 100 %, e que esperamos poder ver replicada em mais sítios do país, expandida, e tornada pelo menos mensal (idealmente semanal!).
Há pessoas que justificam a necessidade ou a “bondade” das ciclovias por pensarem que estas permitem que pessoas sem formação em condução e segurança rodoviária (tanto adultos como crianças e jovens) possam assim deslocar-se de bicicleta em segurança. Contudo, este raciocínio é errado. John Forester simplificou e unificou o ciclismo veicular em 5 princípios básicos de como o trânsito funciona e de como o ciclista age em cada situação. Os 5 princípios são:
Conduz do lado direito da faixa de rodagem, não do lado esquerdo e nunca no passeio.
Cede passagem ao tráfego de atravessamento em ruas superiores.
Cede passagem ao tráfego que te ultrapassa antes de mudar de via de trânsito.
Posiciona-te de acordo com o teu destino ao aproximares-te de uma intersecção.
Posiciona-te de acordo com a tua velocidade relativamente ao restante tráfego entre intersecções.
Como ele diz, se um ciclista obedecer a estes 5 princípios, poderá circular de bicicleta em muitos sítios com uma reduzida probabilidade de causar conflitos de trânsito. Não fará tudo da melhor forma possível, e ainda não saberá como se safar de sarilhos que outros condutores possam causar, mas sair-se-á melhor que a média dos ciclistas.
Ora, que princípio destes 5 é possível não conhecer e respeitar e ainda assim conduzir em segurança, se circularmos por ciclovias?…
As ciclovias exigem MAIS conhecimento e competência para serem seguras, tanto de ciclistas como de quem se cruza com eles, especialmente num país com o nosso quadro legal.
O facto de nos Países Baixos (nomeadamente na Holanda), cujo nível de qualidade das ciclovias é infinitamente superior ao nosso, que tem regras de trânsito mais vantajosas para os ciclistas, e que tem uma imensamente maior cultura de utilização da bicicleta, ter programas de formação de condução e segurança rodoviária em bicicleta implementados nas escolas (de modo a chegar a toda a população), quer dizer alguma coisa.
Se lá isto é importante, que dizer de cá?
Não vou comentar, pelo menos desta vez, a metodologia de formação aplicada, que transparece neste vídeo. Pretendo apenas chamar a atenção para o facto de haver formação universal gratuita e garantida pelo Estado.
Cá pretende-se começar pelo telhado (ciclovias, ainda por cima más, muitas vezes), deixando as paredes (legislação e formação) para “um dia”.
Precisamos de mais pessoas formadas nestas questões e de mais indivíduos e empresas a trabalhar nesta área (a Cenas a Pedal não daria vazão a todo o país :-P), precisamos de discutir longamente e desenvolver abertamente com os váriosstakeholders um Padrão Nacional de Formação para procurar garantir o máximo de qualidade, e precisamos que o Estado apoie este tipo de programas para adultos e, principalmente, que os implemente nas escolas, porque “de pequenino é que se torce o pepino” (e porque fazer isto nas escolas é mais eficiente do ponto de vista dos custos e porque garante que toda a população tem acesso a isto e não simplesmente só os que podem pagar e/ou os que estão interessados à partida – tal como a Matemática, a Ed. Física, etc).
O Estado português precisa de “put its money where its mouth is“, como dizem os americanos, e passar da conversa mole sobre sustentabilidade e bicicletas e peões e transportes públicos e green e nova mobilidade e obesidade infantil e blá blá blá,… à acção (com resultados!).
Estou a ponderar ir! Mas ainda é uma brincadeira para ficar nuns 300 € mesmo na versão mais low-cost, e 3 dias de trabalho… Logo se vê como correm as próximas 2-3 semanas para a Cenas a Pedal. ;-P Alguém por aí está também com ideias de ir?