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O homem das bicicletas

The Bikeman” é um “Bicycle Repair Man” dinamarquês, embora dedicado apenas aos clientes empresariais. Por cá ainda são muito poucas as empresas com vários funcionários a deslocarem-se de bicicleta, pelo que o foco do BRM é mais alargado: ciclistas na rua, serviços ao domicílio, serviços a empresas, eventos, etc. Mas quem sabe um dia não haverá lugar a especialização até nesta área? Por aqui, continuamos a trabalhar afincadamente para criar essa realidade. 🙂

Entretanto, a nova Bicycle Repair Man Cave na Av. de Álvares Cabral, em Lisboa, está quase pronta, pelo que os ciclistas poderão passar também a ir ter com o BRM directamente, sempre que tal seja mais prático. 😉
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Ideias para Lisboa: António Costa de bicicleta entre o Intendente e a Praça do Município

O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, vai ter o seu gabinete num antigo armazém no Largo do Intendente, actualmente a sofrer obras de recuperação. A partir de Abril, e por 2 anos, será este o seu local de trabalho, para «“dar confiança às pessoas para investirem” nesta zona de “má fama”»:

António Costa diz que, quando mudar para o número 27 do Largo do Intendente, já só irá aos Paços do Concelho para participar em reuniões do executivo ou cerimónias. “As pessoas precisam de sentir que há um comprometimento efectivo do município e das autoridades para mudar esta zona e o seu estigma”, afirma, defendendo que esta sua decisão constitui “um impulso” para a requalificação da área da Av. Almirante Reis.

Ora, este novo gabinete do Presidente dista menos de 2 Km dos Paços do Concelho, num percurso praticamente plano. Ida & volta fica em 4 Km:

Alternativas ao dispôr do Presidente:

Automóvel – 6 min para cada lado, considerando que tem estacionamento reservado literalmente à porta em ambos os locais e que não há congestionamentos. Visibilidade: nula. Interacção com a cidade: nula. Custo pessoal: elevado (sedentarismo). Custo para os contribuintes: elevado (mín. 2 €/volta, se incluir motorista, houver muito trânsito, etc, aumenta, mais espaço público para parqueamento em ambas as pontas). Liderar pelo exemplo: falhanço total.

Caminhar – 20 min até à Praça do Município, 22 min para regressar. Visibilidade: elevada. Interacção com a cidade: total. Custo pessoal: nenhum, ganho de saúde pelo exercício físico leve. Custo para os contribuintes: zero. Liderar pelo exemplo: sucesso.

Transportes públicos – o Google estima em 9 a 11 min Largo do Intendente-Praça do Município, e 10 a 16 min o inverso, usando o Metro ou a Carris, respectivamente. Visibilidade: elevada. Interacção com a cidade: razoável. Custo pessoal: nenhum, ganho de saúde pelas escadas de metro subidas ou pelos troços caminhados. Custo para os contribuintes: passe Metro 19.55 € ou 1.80 €/volta. Liderar pelo exemplo: bom.

Bicicleta – os mesmos 6 minutos que o automóvel, com a diferença de que o tempo de viagem não é significativamente afectado pelo congestionamento, e que o estacionamento pode até ser mais fácil/rápido. Visibilidade: elevada. Interacção com a cidade: elevada. Custo pessoal: nenhum, ganho de saúde pelo exercício físico ligeiro. Custo para os contribuintes: praticamente zero. Liderar pelo exemplo: grande sucesso.

A competitividade relativa de alguns destes modos já António Costa conhece em primeira mão. E em 2007  já ele incorporava a bicicleta no seu discurso político:

Desde essa altura já foram implementadas pela CML algumas medidas tímidasem nome das bicicletas” (deixemos por agora as críticas à implementação técnica e às estratégias políticas à parte). Embora ainda andemos todos a suspirar pela bendita ciclovia ribeirinha (mas uma coisa mesmo bem pensada, integrada com o resto, e bem implementada) que nos permita pedalar por prazer, desporto ou transporte entre o Parque das Nações e Algés (e depois até Cascais). O potencial a nível de turismo “vá para fora cá dentro”, de fim-de-semana e não só, de turismo estrangeiro, de dinamização de actividades culturais e comerciais à beira-rio, etc, etc,… é difícil de compreender de que raio estão estas autarquias à espera…

A proposta

Lançamos então aqui o desafio ao Presidente António Costa para “vestir a camisola” e adoptar a bicicleta para se deslocar entre o seu gabinete e os Paços do Concelho, sempre que tal seja necessário.

vestir a camisola

Foto: FPCUB

Porquê de bicicleta?

  • Porque é o meio de transporte mais competitivo para o percurso em causa: o mais rápido, o que oferece tempos de viagem mais fiáveis, e o mais fácil de usar.
  • É o que mais dinheiro poupa à Câmara (a seguir ao andar a pé, claro, mas hey, time is money!).
  • Permite ao Presidente incorporar um pouco de exercício físico leve no seu dia-a-dia, usando o tempo dedicado a transporte.
  • Permite-lhe manter-se em contacto próximo com a cidade mas deixa-o gerir a velocidade a que o faz, e as oportunidades de interacção com os munícipes (é mais difícil chegar a horas a uma reunião indo a pé e tendo que lidar com interacções populares imprevisíveis).
  • Ter o Presidente da Câmara a passar na rua de bicicleta, vestido normalmente, no horário de trabalho, regularmente, fará mais para “reduzir o estigma” da bicicleta, “dar confiança às pessoas para investirem” neste meio de transporte, e fazer as pessoas “sentir que há um comprometimento efectivo do município e das autoridades para mudar” as condições para o uso da bicicleta na cidade, do que qualquer ciclovia, folheto ou campanha.

Não se trata de pedir a António Costa que passe a comutar casa-trabalho-casa diariamente de bicicleta, nem que passe a ir para todos os compromissos profissionais de bicicleta. Trata-se de incentivá-lo a escolher o meio de transporte mais adequado para cada situação. E esta, de comutação entre dois locais de trabalho, num percurso plano de 2 Km, tem “bicicleta” escrito na testa.

Claro que há pequenos cuidados prévios que, tratando-se do Presidente da capital do país, convém ter:

  1. Escolher o equipamento certo. E o que é certo para um Presidente de Câmara na capital portuguesa, numa cidade onde raríssimas pessoas em cargos políticos optam pela bicicleta (logo, onde a imagem de exemplo do Presidente deverá ser positiva, e aspiracional)? Uma bicicleta que não o deixe ficar mal. Bonita, eficiente, fiável, simples de usar. Uma bicicleta que lhe permita sentar-se no selim e arrancar, sem se preocupar com calças a sujarem-se ou rasgarem-se na corrente, com salpicos das rodas. Com iluminação e protecção anti-roubo integradas. Tem que estar preparada para poder transportar confortavelmente e em segurança pastas, portáteis, dossiers, o que seja. Tratando-se de Lisboa e considerando o percurso em causa, tem que garantir um mínimo de conforto pelos buracos e empedrados de Lisboa. Os acessórios para o adequado transporte de bagagem e para lidar com os eventuais dias de chuva também terão que ser contemplados. Não é este o look que pretendemos para estas deslocações em particular:

António Costa de BTT

Foto: FPCUB

É mais este:

Foto: The Sartorialist

  1. Preparar-se convenientemente. Não se tratando de um cidadão anónimo, é de particular importância que o Presidente aja sabendo o que está a fazer, e fazendo-o o melhor possível. Fisicamente, este percurso é acessível a qualquer nível de condição física, por mais sedentária que seja a pessoa (e se fosse por isso, podia sempre ir para uma bicicleta com assistência eléctrica, quem sabe assim a rede MOBI.E não passaria a contemplá-las também…). Mas convém praticar antes o controlo básico e a destreza na bicicleta. Depois há que ter noção da legislação aplicável ao condutor de uma bicicleta, e aprender as devidas técnicas de condução de bicicleta, para garantir o máximo de eficiência, conforto e segurança nas delocações do Presidente. Dicas de como transportar coisas, prender a bicicleta, gerir o esforço, lidar com a chuva ou com o calor também deverão ser abordadas.

Ora, nesta óptica, o Presidente António Costa até está numa situação privilegiada, pois tem logo aqui à mão a única empresa nacional totalmente especializada nisto mesmo. E Lisboa até tem o Bicycle Repair Man, para que o Presidente nunca fique apeado! 🙂

Mas mesmo que opte por não recorrer a profissionais para obter a necessária consultoria e formação, e se meta nisto sozinho ou com as dicas dos assessores disponíveis,  o que interessa é pegar na bicicleta, seja ela qual for, e usá-la, seja como for, e manter-se firme nisso!

Bolas, se outros Presidentes o fazem (Moita Flores em Santarém, Macário Correia em Tavira, Marisa Santos em Sines, Santos Sousa na Murtosa), porque não o nosso?

E tenho a certeza de que a percepção e compreensão das necessidades dos ciclistas seria muito mais rápida por parte da CML se o Presidente experienciasse a cidade, regularmente e num contexto utilitário, em cima de uma bicicleta.

Este post foi enviado ao Gabinete do Presidente. A ver se pega. 🙂

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Casa-trabalho-casa em velomobile

a ride through Zeeland

Um dia haverei de ‘comutar’ ou pelo menos fazer um pouco de cicloturismo de velomobile. Hey, a girl can dream, right? 😉

O Josef Janning faz isso mesmo.

E este Verão vai ser o Capitão da Excursão da Roll Over America, uma viagem para fazer os EUA costa-a-costa em velomobile.

Para quem não está familiarizado com o conceito, um velomobile é basicamente (e geralmente, embora haja excepções) um triciclo reclinado formato girino (‘tadpole’, 1 roda atrás e 2 à frente, como os KMX Karts e tantos outros) com uma “carapaça” aerodinâmica. Depois há variações técnicas e de desenho (ex.: com a cabeça exposta ou completamente fechado, com ou sem assistência eléctrica, etc).

Um velomobile é um substituto capaz para um automóvel (para quem anda sozinho). Oferece eficiência e velocidade, conforto e ergonomia, protecção dos elementos, silêncio, e espaço para a bagagem quotidiana necessária. Isto sem gastar combustível, oferecendo um bom exercício físico (mais saúde, menos stress!) enquanto cumpre a sua função de transporte, e proporcionando uma experiência agradável, ou mesmo divertida ao condutor. Mais fácil de estacionar/guardar que um automóvel, é um veículo amigo do ambiente e bastante mais eficiente em termos da sua “pegada espacial”. E não requer Carta de Condução, seguros, nem paga impostos (além do IVA na sua aquisição e manutenção, claro). É ideal para percursos mais longos, planos ou com baixos declives [nas subidas o peso acrescido do velomobile age contra nós, e aí a solução pode ser a assistência eléctrica, que por sua vez aumenta o peso também], e onde se consiga tirar partido da velocidade acrescida. (Para percursos urbanos curtos uma bicicleta normal é imbatível, acelera mais rapidamente, é mais fácil de manobrar, e fácil de montar e desmontar da mesma.)

Evolution of the velomobile

Ter um velomobile implica investir uma quantia significativa (de 3.500 €, passando por à volta dos 5.000 € mais comuns, até 10.000 €), e muitas vezes esperar vários meses. Isto tem a ver com a baixa escala de produção destas máquinas (os triciclos reclinados já são caros à partida, e depois ainda há todo o trabalho na carapaça), e porque há muito poucos fabricantes no mundo inteiro (o que também agrava o preço pelo custo avultado do envio). A alternativa de construir um ao melhor estilo faça-você-mesmo, ou usar um kit, consegue baixar um pouco o investimento financeiro necessário. E depois há alternativas a meio caminho entre os triciclos reclinados e os velomobiles, com diferentes níveis de coberturas ou de carapaças.

O Bruno teve a sorte de, na Spezi de 2008, poder experimentar um, da Leiba:

Perfeito, perfeito, seria ter à disposição um estilo Duo Quest, Ana & Bruno de velomobile! Weeeeeee! 😀

O sonho comanda a nossa vida, um dia haveremos de ter à nossa, perdão, à vossa disposição, um velomobile para testes e alugueres na Cenas a Pedal! Só mesmo por ser tão fixe. 🙂

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A bicicleta do Sr. António

Na Massa Crítica de Novembro de 2010, um dos participantes estreantes era o Sr. António de Alcântara com 83 anos! A sua bicicleta, além de dobrável, tinha um sistema de assistência elétrica construído e montado por ele! Embora ao que parece não tenha funcionado perfeitamente durante a viagem nesse dia, é uma ajuda importante nas deslocações do dia-a-dia. O sistema é relativamente simples, não tendo nenhum circuito de gestão do esforço, e é ativado manualmente por um botão sem reóstato no guiador. Alguns pormenores da implementação são bastante interessantes.

O motor e a bateria foram colocados na traseira da bicicleta. A transmissão da força do motor para a bicicleta é feita diretamente no pneu, o que é uma forma pouco comum em soluções comerciais, dado o elevado grau de perda de eficiência (atrito, ou falta dele), bem como o desgaste que também provocará ao pneu. É porém uma forma simples de implementar um sistema destes por não exigir nenhum tipo de alteração na bicicleta: nem a mudança de cubos das rodas, nem alterações na transmissão. O motor foi instalado por baixo do suporte de carga traseiro e a força é transmitida com uma roda de borracha na cabeça do motor encostada à superfície do pneu.

Não me recordo agora que tecnologia foi usada para a bateria, mas assumo que seja um conjunto de células criado por ele ou uma bateria normal com uma caixa adaptada. A caixa tem um botão para ligar e desligar a saída de corrente da bateria e uma luz que indica se o sistema está ligado. A ligação ao motor é feita por uma ficha de isqueiro, para permitir remover a bateria facilmente, para carregá-la, por exemplo. Gosto do pormenor da fita de transporte da bateria. 🙂
Como o botão que liga o motor não tem um reóstato, o funcionamento do motor não tem controlo de velocidade, variando a assistência que fornece com a resistência oferecida pela bicicleta. Isto varia consoante a ajuda que se der com as pernas e a inclinação do plano onde se circula.

O interface que suporta o motor e o liga ao suporte de carga da bicicleta tem vários detalhes interessantes. Está preso por meio de parafusos com porcas de orelha para que seja fácil libertá-lo sem ferramentas. Este apoio desliza sobre o suporte de carga da bicicleta e está preso à sua traseira por duas molas que mantêm a tensão da cabeça do motor sobre a roda. Isto permite que, se o pneu perder ar ou não for perfeito no seu perfil, a posição do motor se vá adaptando ao pneu sem esforçar a sua cabeça ou eixo! E porque o motor mesmo sem estar em funcionamento causa alguma resistência, é possível com os parafusos prendê-lo longe do pneu. Assim quando a bateria acaba ou se está a circular num local onde não é precisa a assistência, pode-se eliminar totalmente a resistência do motor afastando-o do pneu.

Embora certos sistemas de assistência tenham tecnologia e desenvolvimento que os torna caros (baterias, circuitos de gestão da carga e de assistência), existem versões mais simples, sem circuitos integrados e/ou software complexo, como é exemplo este sistema do Sr. António, que tornam este tipo de sistemas mais acessíveis. Porque não tem um sensor pedelec (na pedaleira ou de torque) que desligue o motor quando os pedais não estão em movimento, este sistema é considerado ilegal pelo nosso código da estrada: artigo 112.

PS: Algumas das fotos estão desfocadas, pois era de noite e o local onde foram tiradas não tinha iluminação decente. A máquina é uma compacta sem luz de focagem o que tornou tirar as fotos uma espécie de totoloto. 😛

[UPDATE 13/01/2011] Entretanto encontrei uma solução comercial baseada na mesma ideia: o GoBike Power Rack kit da go-ped.

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Jorge “Engenhocas”

Jorge “Engenhocas” Aquilino vive em Castro Marim e é, entre outras coisas, um inventor de cenas a pedal, entre elas bicicletas reclinadas!

Na peça do Portugal em Directo, da RTP, de dia 21 de Dezembro, é possível ver pelo menos três reclinadas, uma curta e duas longas. Destas últimas é possível ver uma em utilização, e tem pormenores interessantes, desde a ligação do volante (sim, um volante 🙂 ) à coluna de direção usando corrente, à roldana de gestão da corrente (algo como isto), ou mesmo ao suporte da garrafa, que é de vidro.

Os conceitos existem com formas parecidas desde que a bicicleta foi inventada, mas fico com curiosidade de saber como chegou Jorge ao desenho das suas criações, e se tem motivações além do querer ser diferente e da vontade da criação.

Vejam a peça aqui.

Mais um para juntar ao grupo de gente dedicada à criação de veículos a pedal especiais como o Carlos, o José, o Jaime, ou o João! 😀

Obrigado Gonçalo, pela dica! 😉