Categorias
Anúncios e Campanhas Causas Desporto Indústria e Consumidor Lifestyle e Cultura Mulheres Videos Web e outros Media

This girl can / Esta rapariga pode

10444557_1486228194972671_2598390848085314338_n

Esta Rapariga Pode é uma campanha nacional [no Reino Unido] desenvolvida pela Sport England e uma vasta gama de organizações parceiras. É uma celebração de mulheres activas por todo o país que estão a fazer a cena delas, não interessa quão bem o fazem, qual o seu aspecto ou até mesmo quão vermelhas ficam as suas caras.

 

Há muitos exemplos de exercício e desporto, mas também há exemplos de actividade física simples, como “ir de bicicleta”.

A Grace gosta de andar de bicicleta, ela gosta de estar lá fora a pedalar ao ar fresco, às vezes frio. Ela não está numa corrida com ninguém, não se preocupa com a velocidade a que vai. Ela simplesmente faz a cena dela e é só isso que importa.

Nos bastidores:

Podem ver mais posters e vídeos na página de Facebook da campanha.

O estudo prévio a esta campanha revelou que as mulheres sabem que deveriam exercitar-se mais, mas ainda assim falham em atingir os níveis mínimos de actividade física recomendados para uma vida saudável. Concluiu-se ainda que na faixa etária dos 14 aos 40 anos há menos 2 milhões de mulheres a exercitarem-se face ao número de homens que o fazem, e 75 % das mulheres nesta faixa etária gostariam de fazer mais desporto e/ou exercício físico, mas o medo de serem julgadas é maior do que a sua auto-confiança: 

  • medo de serem julgadas pelo seu aspecto durante a actividade (suadas, ruborizadas, pobre forma física, etc)
  • medo de serem julgadas por não serem boas o suficiente a realizar determinada actividade, ou então demasiado boas e, “logo”, pouco femininas
  • quando têm filhos, sentimento de culpa e medo de serem julgadas por gastarem demasiado tempo com elas próprias

‘This Girl Can’ é uma celebração de todas as mulheres que encontram a confiança para fazerem exercício: é uma atitude, e uma chamada à acção para todas as mulheres fazerem o mesmo. Esta campanha pretende abordar os medos das mulheres, mostrando-lhes que não estão sozinhas, e a esperança é que isso lhes dê mais confiança.

11006385_1536172323311591_9033908445584692742_n

Não conheço outros estudos ou campanhas similares em Portugal, mas desconfio que a nossa realidade, a este nível, não será muito diferente. E penso também que a menor proporção de mulheres a usar a bicicleta como meio de transporte em Portugal, relativamente aos homens, poderá ter, em parte, a ver com esta questão.

Infelizmente em Portugal não se faz muito “marketing” de causas. Nem o Governo, nem organizações grandes. O mais parecido que me lembro foi o projecto Maria Bicicleta, uma iniciativa privada, da Laura e do Vitorino, que depois teve algum apoio institucional da Câmara Municipal de Lisboa e EMEL, na forma de uma exposição na Av. Duque de Ávila. Muito pouco para ter impacto significativo na população, claro.

Maria Bicicleta

Dia 8 de Março é o Dia Internacional da Mulher. Mas já passou, e é só um dia para nos recordar da importância dos outros 364. Que tenhamos todas força para preferirmos ser saudáveis, fortes, independentes, e divertirmo-nos, sempre, e não só em ocasiões especiais. Porque o cabelo desalinhado, a cara vermelha, o suor, o sentirmo-nos fora de forma ou pouco atraentes, é tudo transitório, e irrelevante, o que vai permanecer é a sensação brutal de “eu consigo”, “eu gosto”, “eu quero mais”. Porque nós merecemos.

Categorias
Web e outros Media

“Bicicletas – hora de pedalar por aí”

Mesmo, mesmo antes de partirmos para as nossas férias em bicicleta, ainda falei com a Alexandra Sousa, da revista Visão, para a ajudar a fazer um pequeno guia de escolha de uma bicicleta para iniciados, para a rubrica “Manual” da Visão, cujo resultado podem ver na foto abaixo e também na versão web aqui.

Revista Visão de 22 de Agosto de 2013

Ficou um bom trabalho, obrigada Alexandra! Obrigada também ao Júlio, que tinha acabado de ir buscar a sua nova Quipplan q10 City e ainda se sentou connosco e deu o seu testemunho à Alexandra. 🙂

Categorias
Dias especiais Leis e Códigos Notícias Políticas Videos Web e outros Media

O Código da Estrada mudou para melhor!

Como alguns de vós saberão, aqui há uns anos desenvolvi um interesse especial pela questão do Código da Estrada e a sua aplicação aos condutores de velocípedes (também designados de “ciclistas”). O primeiro resultado foi um documento chamado O Código da Estrada e os Velocípedes – Perguntas Frequentes. E depois, anos mais tarde, envolvi-me mais directamente no lobbying pela alteração do CE de forma a ser melhorado para os ciclistas (e para os peões), nomeadamente.

Quando se criou e depois reavivou a MUBi esses esforços foram muito direccionados para debaixo desse chapéu. No início deste ano o Conselho de Ministros fez uma proposta de revisão do CE (Proposta de Lei n.º 131/XII), que foi devidamente analisada e criticada na MUBi. E depois apelou-se à acção por parte da sociedade civil, para as pessoas se manifestarem junto dos deputados e pedirem a correcção da proposta. Em Maio fomos ouvidos na Assembleia da República pelo grupo de trabalho envolvido nas alterações. Entretanto, foi este mês aprovado o novo diploma, e a MUBi até colaborou numa peça para a SIC (apesar de eles não falarem da MUBi!):

(Só uma nota ao título da notícia): o novo CE não “equipara ciclistas a condutores de automóveis”, eles já são ambos condutores de veículos, o novo CE veio simplesmente eliminar ou melhorar alguns artigos negativamente discriminatórios para os primeiros, não veio ainda dar grandes direitos além dos que já são reconhecidos aos condutores de automóveis.)

Depois disto, a MUBi ainda contribuiu com umas notas de última hora a assinalar lapsos e outras questões. Entretanto, esta semana foi publicado o texto final.

Fiz uma tabela comparativa com o que mudou e o que devia ter mudado, que afecte mais directamente a condução de velocípedes:

E numa primeira análise as conclusões do que mudou são estas, que listo abaixo.

RESUMO SIMPLIFICADO DAS ALTERAÇÕES RELEVANTES PARA A CONDUÇÃO DE BICICLETAS:

  • Ciclistas são considerados utilizadores vulneráveis.

Como e onde circular

  • As bicicletas podem circular nas bermas das faixas de rodagem.
  • As crianças até aos 10 anos já podem (mas não são obrigadas a) andar nos passeios e passadeiras, sendo equiparadas a peões ao fazê-lo.
  • As bicicletas já podem circular duas lado-a-lado dentro de uma mesma via.
  • Os ciclistas continuam a poder fazer as rotundas por dentro ou por fora.
  • As ciclovias já não são obrigatórias, apenas preferenciais.
  • Triciclos e atrelados com até 1 m de largura já podem circular nas ciclovias.
  • Pode ser permitida a circulação de bicicletas nos corredores BUS.

Transporte de passageiros

  • Agora só podem ser transportadas crianças até 6 anos, inclusivé, em cadeiras homologadas (e apenas 1) e em atrelados.*
  • Já podem ser transportados passageiros em atrelados.
  • As crianças já não são obrigadas a usar capacete, nem a conduzir nem transportadas na bicicleta.

Distância de segurança e ultrapassagem

  • Condutores de veículos a motor têm que abrandar na proximidade de ciclistas e de passadeiras de ciclistas.
  • Os condutores de veículos a motor agora têm que deixar sempre pelo menos 1.50 m de espaço entre estes e uma bicicleta a circular na mesma estrada (no mesmo sentido ou em sentido contrário, na via ou numa ciclovia marcada no pavimento.
  • Na ultrapassagem pela esquerda, os condutores (incluindo os ciclistas) têm agora que ocupar a via de trânsito adjacente, abrandar especialmente a velocidade, e manter pelo menos 1.50 m de distância lateral de segurança da bicicleta ultrapassada. (Na ultrapassagem pela direita, os condutores, incluindo os ciclistas), têm que abrandar a velocidade, e manter pelo menos 1.50 m de distância lateral de segurança da bicicleta ultrapassada).

Prioridade

  • Num cruzamento não sinalizado, o veículo que se apresenta pela direita tem prioridade, mesmo que seja uma bicicleta.
  • Os ciclistas agora têm prioridade sobre todos os veículos ao atravessar em passagens para velocípedes (“passadeiras” para bicicletas), quando não haja sinalização vertical a indicar-lhes o contrário.

Outros

  • Já é proibido o estacionamento antes das passagens de velocípedes e nas ciclovias

* esta questão requer uma análise mais detalhada, com um jurista, mas isto foi a minha primeira interpretação

Há coisas que ficaram por corrigir, e coisas novas que são negativas, ou que precisavam de ser afinadas, mas deu-se um grande salto positivo, e estou muito feliz por isso.

E este percurso mostra bem que as coisas só não mudam se não fizermos nada por isso, ou por outra, que se não participarmos no processo de mudança, a mudança acabará por não nos servir. Houve muita gente a contribuir para esta mudança ao longo dos anos, e tivémos sorte em encontrar do lado de lá, dos políticos e legisladores, bom acolhimento às medidas reivindicadas, o que também diz bem da máquina governamental, neste caso.

Celebremos, irmãos! 🙂

E depois, voltemos à luta, ao caminho, que a utopia é apenas um lugar onde ainda não chegámos.

Até porque tão ou mais importante do que a lei, é a cultura, e essa ainda precisa de muito trabalho… As alterações ao CE são uma questão de justiça e que a maior parte das pessoas só fica a conhecer melhor quando tem um litígio com uma seguradora ou com o tribunal, por causa de um qualquer sinistro ou infracção rodoviária. Temos que trabalhar na cultura, no software das pessoas, para que as coisas não cheguem a ser tratadas em tribunais nem em seguradoras…

Categorias
Crianças e Famílias Exemplos Pessoas Videos Web e outros Media

Exemplos reais e pessoas reais (se ainda precisam de mais)

Na rubrica “Contas Poupança” do Jornal da Noite da SIC a 17 Julho de 2013, o exemplo do Gonçalo e dos dois filhos, uma school run diferente no Parque das Nações: o Gonçalo a pedalar a sua bicicleta com os dois filhos atrás no atrelado (um Croozer Kid for 2, a propósito), vai de casa à escola, deixa lá os filhos e o atrelado, e segue depois para o trabalho. Ao fim do dia, a rotina inversa.

Se quiserem saber quão barato é investir numa boa bicicleta e num bom atrelado se estes vierem substituir viagens de automóvel, é só usar este simulador dos reais custos do automóvel. Sim, porque os custos do carro não se resumem ao combustível e portagens…

Categorias
Lifestyle e Cultura Mobilidade Web e outros Media

It’s people, stupid!

Portland, EUA, é uma cidade que teve um crescimento muito significativo do quota modal da bicicleta face a outras cidades americanas, e tem uma reputação de nível mundial de ser “amiga das bicicletas”. Porquê?

The Pedal Bike Tours mural between SW 2nd and 3rd south of Ankeny.
(Photo: Matt Haughey/Flickr)

O Jonathan e o Michael, do BikePortland.org, sugerem outras teorias às outras mais batidas (“são as ciclovias” e “é o preço do combustível”):

1) diversão em bicicleta

Montes de eventos divertidos em e com bicicletas, onde se encontram e participam activistas, lobbyistas e funcionários da Câmara Municipal, são uma “fonte de ligações sociais, conhecimento institucional e acção colectiva”.

2) bons técnicos na autarquia

Boas infraestruturas, o que vai além das ciclovias (ex.: ondas verdes para 21 Km/h, nos semáforos).

3) canais de comunicação maduros

Marketing! Um departamento dedicado a promover melhores escolhas de mobilidade e transporte, concursos, um programa de rádio, um portal noticioso, passeios organizados, etc.

4) activistas activos

Muitas pessoas envolvidas e empenhadas! Vários grupos e iniciativas.

5) um ciclo de feedback positivo

“À medida que uma cidade começa a ser conhecida por ser boa para usar a bicicleta, atrai gente que gosta de bicicletas. Estas pessoas apoiam a cultura ciclista e votam em políticos que constroem infraestruturas para bicicletas.”