Lisboa tem muito:
- empedrado
- empedrado em mau estado
- calçada
- calçada em mau estado
- estradas em alcatrão degradadas
- carris de eléctrico
- prédios sem elevadores ou com elevadores pequenos
- barreiras arquitectónicas
- congestionamentos
Lisboa tem pouco:
- prédios com espaços comuns para guardar a bicicleta
- parques de estacionamento de bicicletas adequados nas ruas
- condições de co-modalidade da bicicleta nos transportes públicos
- autoridades preocupadas com o roubo de bicicletas
- permeabilidade urbana à bicicleta (faltam rampas, elevadores, atalhos)
- espaço
Neste ecossistema que temos trabalhado em várias frentes para melhorar, a bicicleta dobrável é, no geral, a espécie mais adaptada.
Rodas mais pequenas são mais robustas, leves, rígidas, mais compactas, têm menor resistência aerodinâmica e são mais eficientes até 24 Km/ h (iguais às maiores daqui até aos 49 Km/h e só acima desta velocidade é que as rodas maiores são mais eficientes). Permitem uma aceleração mais rápida e maior manobrabilidade (respondem mais rapidamente, é mais fácil curvar e mudar de direcção), e são melhores para subir. Por outro lado, rodas maiores rolam melhor (sobre as irregularidades, e mantêm mais facilmente a velocidade), são mais estáveis, mais confortáveis e, de um ponto de vista, mais seguras porque absorvem melhor as irregularidades do terreno e têm maior tracção.
Bicicletas mais pequenas, e dobráveis, são mais leves e compactas e por isso fáceis de acartar escadas acima e escadas abaixo, ou de fazer caber num elevador, e fáceis de arrumar em qualquer lado, mesmo debaixo da mesa. Levam-se nos TP a qualquer hora. São mais fáceis de proteger do roubo, basta levá-las connosco. As bicicletas dobráveis de rodas mais pequenas facilitam a filtragem pelo meio de carros, peões e ciclistas, são mais rápidas a arrancar de um semáforo, oferecem maior manobrabilidade para nos desviarmos de irregularidades e obstáculos no caminho.
De um modo geral as principais vantagens de uma bicicleta dobrável são:
- transporte grátis e sem restrições nos transportes públicos
- praticamente à prova de roubo
- fácil de entrar e sair de casa e não só com ela todos os dias
- poupa espaço de arrumação em casa
- deslocações urbanas intermodais (como comboio/bicicleta dobrável) são normalmente mais baratas que ir de carro
- mantêm elevado valor de revenda
- facilmente reguláveis para serem usadas confortavelmente por pessoas de diferente estatura, incluindo pessoas mais baixas e/ou com pernas mais curtas
Para o contexto urbano lisboeta, de pára-arranca e mau piso frequente, difícil intermodalidade e condições de parqueamento inadequadas ou mesmo inexistentes, as bicicletas dobráveis com rodas entre os 16″ e os 20″, com suspensão e pneus flexíveis serão as espécies melhor adaptadas. Neste cenário, a Birdy, da Riese und Muller, destaca-se. É a bicicleta dobrável ideal para Lisboa (e Porto, que não difere muito de Lisboa em termos de ciclo-ecossistema), rápida e muito confortável, e com óptima portabilidade.
Tem suspensão integral e anti-dive (ou seja, não afunda ao travar), é mais confortável, ao atenuar vibrações (ex.: no empedrado) ou impactos maiores (raízes de árvores e ondulações no pavimento, lombas, lancis, etc), mais saudável, ao manter o corpo mais relaxado e protegido de impactos fortes e vibrações continuadas, e mais segura, ao manter melhor o contacto com a estrada mesmo em piso irregular.
A suspensão permite ainda colocar pneus mais finos, para reduzir a resistência aerodinâmica quando se pretende rolar a maiores velocidades (>40 Km/h), sem sacrificar tanto o conforto. Finalmente, a Birdy, tem um quadro monobloco, sem dobradiças para dissiparem energia do pedalar ou para falharem, oferecendo uma performance de condução inigualável.
As Birdy estão disponíveis em 9+2 modelos base, que partilham o mesmo quadro mas diferem nos componentes, e estes são ainda configuráveis à medida de cada um, com diferentes upgrades de equipamento e acessórios, pelo que podemos escolher a nossa para corrida, para ser leve, para touring, para a cidade, ou até com assistência eléctrica. Exemplos:
Birdy Rohloff disc
Birdy Hybrid (uma pedelec com o sistema BionX)
Em 2012 a marca adicionou 2 modelos à gama europeia, que são os de entrada de gama: a World Birdy Sport (999 €) e a World Birdy Comfort (1.299 €). Diferem dos restantes no quadro, uma interpretação moderna da Birdy original, que é mais fácil (e barato) de produzir e muito popular no Japão, que absorve grande parte da produção da Birdy.
World Birdy Sport
World Birdy Comfort
Para a cidade, nomeadamente Lisboa, e para touring, a Birdy rules! 🙂
E eu posso atestar isso, pois tenho tido a sorte de usar uma para ambos os contextos em vários pontos do país e do estrangeiro. 😉
Fontes:
- Small Wheels for Adult Cycles
- Small wheel bicycle
- Why choose a folding bike? (da revista A to B)
- Bicycle tires – puncturing the myths
- Are Big Bike Wheels Better
- Trek Bike
- Tire Rolling Resistance
- The Advantages of Small Wheels on a Bicycle
- Bicycle Design, by Mike Burrows
- Bicycling Science, by David Gordon Wilson