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Micro-logística em velocípedes

Finalmente, parece que a micro-logística em bicicleta (ou triciclo), numa escala maior que a dos “simples” estafetas em bicicleta, está a querer chegar a Portugal. Vejam esta entrevista no Diário Económico, acerca da parceria entre uma tal de Avancycles e a Adicional Logistics.

Pelos vistos estão a começar com um projecto-piloto no Parque das Nações, com um triciclo, em Lisboa. Os triciclos de carga em causa são os modelos Cargocycle da francesa La Petite Reine.

micro-logística em bicicletamicro-logística em bicicleta

O sucesso desta iniciativa está muito dependente das autarquias adoptarem medidas de restrição à circulação e estacionamento automóvel no centro das cidades, claro, e por isso é que estamos a ver isto a (tentar) despontar em Lisboa 14 anos depois de ter surgido em Paris, por exemplo. É o mesmo problema dos pedicabs.

Desejamos-lhes sorte, e sucesso!

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“Têm bicicletas baratas ou em 2ª mão?”

Feira de Bicicletas MadurasEsta é uma pergunta que ouvimos com alguma regularidade no atelier. Neste momento a Cenas a Pedal não comercializa, salvo excepções pontuais (como quando renovamos a frota de aluguer), artigos em 2ª mão, mas tentamos ajudar as pessoas a transaccioná-los entre si promovendo a Feira de Bicicletas Maduras.

Também não oferecemos soluções de bicicletas verdadeiramente Low Cost apenas porque isso quase sempre significa comprometer o valor do produto ou do serviço associado a ponto de corrermos o risco de não conseguirmos operar de acordo com os nossos valores. A título de referência, a bicicleta citadina (equipada com o equipamento essencial: pára-lamas, apoio de descanso, luzes, protecção de corrente, porta-bagagem) mais acessível que podemos fornecer anda nos 300 €, uma pedelec nos 1.300 €, e uma dobrável nos ~400 €, sendo que as que recomendamos começam nos 500 €, 1.850 € e 750 €, respectivamente.

Contudo, compreendemos que, por vezes, o orçamento é mesmo limitado e esperar e poupar para investir melhor (algo que recomendamos sempre) não é uma opção viável, pelo que a única alternativa é mesmo encontrar uma solução de compromisso. Aqui o mercado de usados pode ser uma alternativa interessante.

É sempre preferível comprar uma bicicleta de melhor qualidade mas em 2ª mão do que uma bicicleta nova tão barata que se revele quase “descartável”.

Cuidados ao considerar comprar uma bicicleta nova mais barata

Perceber porque é que a bicicleta é tão barata, para descobrir o preço a pagar pelo low cost, e decidir se estamos disposto a pagá-lo. Será:

  • porque lhe falta muita coisa, ex.: pára-lamas, apoio de descanso, luzes, protecção de corrente, porta-bagagem?
    • quanto tempo levará a encontrar estes acessórios, que sejam funcionalmente e esteticamente compatíveis com a bicicleta, e quanto irão custar? E quanto irá custar a sua instalação se não a fizermos nós próprios?
  • porque tem um design muito particular e/ou componentes próprios que a tornam pouco compatível com outros componentes ou acessórios?
    • será possível montar uma cadeirinha de criança, instalar um porta-bagagem ou uns pára-lamas? E se for possível, será que tem que ser algo tão específico, para dar, que se revele caro ou limitativo?
  • porque os materiais e/ou componentes usados são de menor qualidade (mais pesados, menos funcionais, difíceis de afinar ou reparar, menos confortáveis, menos seguros, etc)?
    • estou disposto a tolerar uma bicicleta pesada nas subidas ou mesmo a arrumá-la em casa ou a subir para o comboio?
  • porque tem menos ou pior equipamento (ex.: não ter mudanças ou não as suficientes, não ter suspensão ou esta ser de pior qualidade, etc)?
    • estou disposto a usar uma bicicleta menos confortável ou ergonómica, com mudanças menos adequadas para os meus percursos?
  • se a bicicleta é dobrável, porque é mais lenta ou difícil de dobrar, ou porque dobrada fica muito volumosa e/ou pesada para transportar?
  • se a bicicleta é eléctrica, porque é muito pesada, tem pouca autonomia, tem pouca força nas subidas, ou limitações a nível do painel de controlo?
  • a garantia oferecida pela marca e/ou vendedor é limitada?

Porque muitas vezes o barato sai caro, importa analisar bem estas questões antes de escolher a bicicleta a comprar e a quem, para evitar surpresas desagradáveis.

Onde encontrar bicicletas novas baratas?

  1. Órbita (tem loja online), lojas de bicicleta de rua, grandes superfícies dedicadas ao desporto (ex.: Decathlon), mas evitar comprar em hipermercados!!
  2. procurar em sites de compras colectivas, por exemplo:
    1. Forretas

Comprar lá fora

Ao procurar pechinchas online (e no estrangeiro), não deixe de fazer bem as contas, para não ter uma surpresa dispendiosa:

  • portes de envio
  • IVA*
  • taxas aduaneiras*
  • assistência na venda (o sistema de e-commerce não o vai avisar que as peças que comprou não são compatíveis ou que vai precisar de mais isto ou aquilo)
  • garantia (se tiver algum problema com a bicicleta/ componente / acessório como funciona a garantia, como vai ser a comunicação com o vendedor, e quem paga os custos de envio para mandar o artigo de volta, etc?)

* Para compras dentro da UE o IVA é o do país onde é feita a compra, e não há taxas aduaneiras, só tem que saber o valor dos portes. Para compras de fora da UE (ex.: EUA ou China) acrescem muitas vezes o IVA e taxas aduaneiras. Para compras entre 22 € e 150 € paga IVA, acima de 150 € paga IVA e direitos aduaneiros entre 1 e 4 %, geralmente.

Onde encontrar bicicletas usadas / em 2ª mão?

  1. começar por perguntar aos familiares, amigos, colegas ou vizinhos se têm alguma que queiram vender (às vezes têm para lá coisas que até nem usam…)
  2. outras lojas de bicicletas (nomeadamente aquelas que aceitam retomas)
  3. Feira das Bicicletas Maduras
  4. Feira da Ladra
  5. Empresas de compra e venda de usados (ex.: Cash Converters)
  6. procurar online em sites de classificados, por exemplo:
    1. Stock Usados
    2. Mini.mercado da Bina
    3. Coisas
    4. OLX
    5. Custo Justo
    6. MyCycle
  7. procurar online em sites de leilões, por exemplo:
    1. Leilões.net
    2. Ebay
    3. Miau

Algumas dicas

  • privilegiar os vendedores que apresentem a factura original da compra, para evitar o risco de comprar bicicletas roubadas
  • tentar sempre ver e experimentar a bicicleta antes de comprar, idealmente, ou pelo menos pedir algumas boas fotos dela para conseguir avaliar o melhor possível o estado dela
  • nas compras à distância, averiguar previamente o melhor possível a identidade, contactos e credibilidade do vendedor
  • em compras a particulares e à distância, solicitar o envio à cobrança, mas pode aceitar pagar previamente os portes de envio como sinal de boa-fé
  • MUITO IMPORTANTE: identificar previamente as eventuais necessidades de reparação, substituição ou afinação de componentes e depois pensar nisto:

a) será possível/fácil/barato encontrar as peças necessárias, e quem o fará?

b) o trabalho técnico necessário, quem o poderá e quererá fazer e a que preço?

Quanto mais antigas as bicicletas maior a probabilidade de ser difícil e/ou caro ou mesmo impossível arranjar peças de substituição, o que pode implicar ter que mudar mais coisas do que o previsto (implicando mais custos e, porventura, alterando a estética original da bicicleta, se isso for importante). Com bicicletas usadas mais antigas ou mesmo velhas, o trabalho a nível de mecânica que requerem é muitas vezes bastante superior ao normal para a mesma operação. Operações relativamente simples em bicicletas mais recentes e/ou bem mantidas, tornam-se frequentemente muito trabalhosas, e caras, numa bicicleta antiga/velha e não permitem um resultado final tão satisfatório (porque a base de partida simplesmente não o permite). Está disposto a pagar? Ajuste as suas expectativas.

Mecânica faça-você-mesmo

Para trabalhos de mecânica que ficariam caros de mandar fazer a alguém que tem que viver desse trabalho, a solução é fazê-los nós próprios, eventualmente com ajuda de terceiros, em oficinas comunitárias, onde se costumam acumular peças usadas doadas que às vezes salvam a situação, e onde voluntários ajudam a manter em circulação bicicletas que de outro modo iriam para o “lixo” ou seriam canibalizadas para manter outras. Estes espaços / colectivos desempenham, assim, um papel relevante na defesa do ambiente. Exemplos:

Nota final: seja na compra, recuperação ou reparação de uma bicicleta, tenha sempre presente de que se trata de um veículo no qual se vai deslocar a velocidades mais ou menos elevadas, frequentemente no meio do trânsito (automóvel mas também de bicicletas ou peões). Falhas catastróficas (rodas, quadro, transmissão, travões, pedais, guiador,…) podem conduzir a quedas e colisões, seja com lancis, muros, pilaretes, outros veículos (incluindo bicicletas) e até peões, mais ou menos graves dependendo das circunstâncias. Não comprometa a sua segurança nem a de terceiros. Não poupe no essencial.

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De pequenino…

As crianças são formatadas pelas referências que lhes damos. Neste Natal (e fora dele) lembre-se disso. Em vez de oferecer carros, jipes e Cia de brinquedo, ofereça comboios, autocarros… ou bicicletas. 🙂 Dê o melhor exemplo.

Esqueça isto, já está muito batido:

 

Insista mais nisto:

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Das [micro-]empresas

A malta queixava-se de que o nosso ateliê estava muito incognito, pelo que resolvemos atenuar ligeiramente a coisa afixando um placard por cima dos azulejos onde figurava ainda o nome dos últimos inquilinos do sítio. 😛 Pelo que para já a Cenas a Pedal está sinalizada assim:

A blast from the past

Quando estamos no ateliê e ninguém estacionou o carro ilegalmente a barrar a passagem frente ao portão, a bakfiets está lá (normalmente deixando espaço ao lado para entrarem e saírem de bicicleta) a dizer “presente, aqui!” por nós.

A blast from the past

Somos uns sentimentalões, nós. 🙂 E adeptos dos 3R’s. 😉 Este placard é especial, fazia parte do nosso stand na primeiríssima feira/evento em que expusémos/participámos, nos idos de 2007, o I Salão de Evasão & 4×4 de Oeiras.

CaP's booth

No final da feira, pedimos para ficar com o placard, e guardámo-lo até hoje. 🙂 É engraçado lembrarmo-nos dos primeiros tempos, em que tudo era novo para nós. Continuamos a desbravar caminho, e a partir muita pedra, não é fácil aprender a fazer uma empresa sozinhos, ainda mais sem ter formação académica na área (um vem da informática e outro da biotecnologia), e sem nunca ter feito a mesma coisa numa empresa de terceiros (como é mais normal entre os empreendedores empresariais), e entrar numa área nova, até criar uma área nova. Mas para compensar a angústia de não saber como as coisas funcionam e “como se fazem as coisas“, tivémos a oportunidade de fazer as coisas à nossa maneira, como achámos que fazia sentido, sem estarmos formatados nem condicionados pela forma como os outros faziam as coisas (até porque não havia ninguém a fazer exactamente o que nós queríamos fazer!). Depois lá fomos aprendendo através da observação dos outros e da experiência própria, e afinando a nossa maneira de fazer as coisas. A aprendizagem e a afinação é, de resto, permanente. Mas aquela nossa ingenuidade inicial foi o que permitiu à Cenas a Pedal ser a Cenas a Pedal, única, original, autêntica.

O caminho faz-se caminhando. Os amanhã fazem-se hoje. Trata os outros como gostarias que te tratassem a ti. São estes os principais lemas que nos orientam no nosso caminho.

Nós, entre os dois, fazemos tudo na CaP, e muitas vezes as pessoas não têm noção que estão a lidar directamente com os donos da mesma. Recentemente, num serviço de aluguer sub-contratado, uma monitora do cliente comentou “que sorte” ao saber que o Bruno, a trabalhar como monitor nesse serviço e um tipo novo, era o dono da empresa. Aqui estão duas ideias pré-concebidas, mas erradas, muito comuns: 1) que as coisas acontecem por sorte, e 2) que ter uma empresa implica ter uma boa vida.

(A não ser que seja herdada) termos uma empresa própria onde desenvolver o trabalho que queremos nos termos que queremos, não é fruto da sorte (embora esta jogue o seu papel), mas de muito, muito trabalho, e muito sacrifício pessoal. Ter uma empresa não significa ser patrão (nós não temos empregados), e ter uma empresa (e mesmo ser patrão) não significa ganhar bem nem trabalhar pouco como a malta sonha. Para a generalidade das micro-empresas (com até 9 trabalhadores), e mais ainda para as “nano-empresas” como nós (2 pessoas!), principalmente nos primeiros anos de vida, significa precisamente o contrário, ganhar pouco, às vezes nada, e trabalhar muito. A recompensa não é financeira, é a de ter a oportunidade de criar algo, de mudar o mundo, de fazer diferente, de deixar um legado. E também de poder dispôr do seu tempo, quando dá…, e de seguir a sua própria ética, e quem sabe um dia conseguir ter algum património construído para um “rainy day” (o equivalente às poupanças dos trabalhadores por conta de outrém). O dinheiro tem que dar para pagar as contas (um grande feito, normalmente!), e com sorte sobrar algum para reinvestir na empresa, para a manter sempre actualizada e em evolução positiva (parar é morrer!).

Outra ideia pré-concebida comum e totalmente errada é confundir empresas com lucro e entidades sem-fins lucrativos com ausência de lucro. E, claro, assumir os primeiros como uns sacanas gananciosos que só fazem o que der dinheiro, tudo o que der dinheiro, e porque dá dinheiro, e os segundos uns anjinhos altruístas e abnegados que trabalham de graça por uma causa maior. Isto enerva-me solenemente, porque é uma caricatura.

Era bom que ter uma empresa implicasse ter automaticamente lucro, mas isso é raro (a não ser que não paguem impostos, a SS dos empregados, os fornecedores, etc…). E era mau que as entidades sem fins-lucrativos nunca tivessem lucro, não poderiam crescer e expandir a sua [boa] acção. As únicas diferenças fundamentais entre uma empresa e uma associação sem fins lucrativos, é que para a primeira bastam 2 sócios (ou até 1) e para a segunda são precisos uns 9, e que quando há lucro*, se for uma empresa este pode sair da mesma e ir enriquecer os sócios, e se for uma associação sem fins-lucrativos isto não pode acontecer, o lucro fica na associação e é reinvestido (mas isto é, de resto, o mais normal numa pequena empresa também).

* lucro é o que sobra depois de pagos: o IVA, o PEC, os ordenados, os subsídios de alimentação, os fornecedores, a Segurança Social, os seguros, a renda, a água, a luz, a internet, o telefone, os empréstimos bancários, os consumíveis (papel, toners, detergentes, etc), as amortizações (coisas que se avariam ou degradam e precisam de substituição ou reparação, etc), as licenças (ex.: de publicidade, de ocupação de espaço público, de música, etc), os gastos com publicidade, os serviços (contabilista, informático, designer, limpeza, etc), o pagamento dos domínios e do alojamento de sites, etc, etc… Depois vem o Estado e sobre estas sobras leva-nos entre 12.5 % a 25 % em IRC. Se isto não der um resultado negativo, estamos bem!

Quando criámos a Cenas a Pedal, em 2006, a ideia era constituí-la na forma de uma Community Interest Company, algo que existia no Reino Unido desde 2005, mas não em Portugal (pelo que investigámos e pelo que nos foi dado a escolher), pelo que a única opção para um projecto criado e controlado a dois foi uma sociedade comercial convencional. Na prática, contudo, somos efectivamente uma empresa social.

A social enterprise is a business with primarily social objectives whose surpluses are principally reinvested for that purpose in the business or in the community, rather than being driven by the need to maximise profit for shareholders and owners. Social enterprises tackle a wide range of social and environmental issues and operate in all parts of the economy. By using business solutions to achieve public good, it is believed that social enterprises have a distinct and valuable role to play in helping create a strong, sustainable and socially inclusive economy.

……..

Social Entrepreneurship is the work of social entrepreneurs. A social entrepreneur recognizes a social problem and uses entrepreneurial principles to organize, create and manage a venture to achieve social change (a social venture). While a business entrepreneur typically measures performance in profit and return, a social entrepreneur focuses on creating social capital. Thus, the main aim of social entrepreneurship is to further social and environmental goals. Social entrepreneurs are most commonly associated with the voluntary and not-for-profit sectors, but this need not preclude making a profit.

Menu do dia

A mudança social para a qual trabalhamos tem a ver com a forma como as pessoas se deslocam e tudo o que está a isso associado, a jusante e a montante. Actualmente a mobilidade individual está fortemente dependente e até adicta do automóvel particular, criando problemas relacionados com:

  • a saúde: doenças derivadas da poluição atmosférica e sonora, e do sedentarismo, mortes e sequelas derivadas da reduzida competência, responsabilização e fiscalização dos condutores de automóveis,
  • as relações sociais entre as pessoas: a insegurança e a ocupação do espaço público pelos automóveis conduz ao isolamento, e à perda de relações de proximidade na comunidade, essenciais para haver redes de solidariedade e cooperação, e uma democracia funcional,
  • a equidade e prosperidade económicas: os congestionamentos encarecem as actividades económicas, e roubam tempo às pessoas que poderia ser usufruído em actividades com a família ou amigos, gasto em si próprias, ou doado à comunidade na forma de voluntariado ou participação cívica; e as perdas de vidas humanas e os encargos de saúde derivados da poluição, do sedentarismo e dos acidentes constituem perdas económicas e gastos financeiros pelo Estado e pelos cidadãos; o gasto com o posse e uso dos automóveis constitui um encargo excessivo no orçamento das famílias, promovendo o seu sobreendividamento e/ou o não investimento noutros bens e serviços como formação, lazer, saúde, etc, e concentrando o benefício económico numas poucas grandes empresas relacionadas com a indústria automóvel,
  • a preservação do ambiente: a poluição e os gastos de energia e água causados pelo fabrico, uso e abate dos automóveis constitui uma externalidade do uso do automóvel, que é suportada por todos, mas desproporcionalmente pelos mais pobres, justamente aqueles com menor acesso ao automóvel; o acesso e uso facilitado do automóvel privado permite e incentiva usos do solo ineficientes do ponto de vista energético, de mobilidade, social e ambiental, ao encorajar a dispersão, a baixa densidade, e o monofuncionalismo – levando à destruição de território natural e arável para construir estradas e parques de estacionamento, e edifícios, à maior dependência de fontes energéticas não renováveis e sujas, perigosas e/ou destruidoras de habitat (petróleo, carvão, gás natural, nuclear, hídrica), e à competição entre espaço para circulação e estacionamento de automóveis e espaço para arborização e ajardinamento de ruas, parques infantis, parques e jardins urbanos, parques desportivos, passeios e vias para bicicletas, estacionamento de bicicletas, largos, praças, bancos, etc, etc, etc.

Saúde, economia, ambiente, cidadania, solidariedade social, está tudo inter-relacionado e em tudo isto a bicicleta pode desempenhar um papel importante. Mas não tenhamos ilusões, a nível de uso para transporte, a bicicleta só é uma solução, uma coisa positiva, se vier substituir o carro.

A bicicleta, mais ciclistas, mais bicicletas na rua não é um fim em si mesmo, é uma forma de conseguirmos a cidade que queremos: saudável, acessível, competitiva e próspera, segura, diversa, democrática, participada, viva, agradável. E essa cidade sofre actualmente com o excesso de automóveis privados. Conseguir mais viagens de bicicleta à custa de viagens a pé e de transportes públicos é fácil e inútil, contraproducente até (vai criar problemas antes inexistentes, a nível de estacionamento, por exemplo). Não se pretende “acabar com os carros”, nem diabolizá-los ou a quem os usa, pretende-se, sim, criar soluções para as pessoas se deslocarem de forma mais sustentável, e mais eficiente, deixando o recurso ao automóvel (quer a posse e depois o uso) como solução de excepção depois do andar a pé, de bicicleta, de TP, em carsharing e em carpooling.

A missão da Cenas a Pedal é, assim, promover e servir um estilo de vida baseado na bicicleta como veículo utilitário, e do dia-a-dia, mas não só, pois passear, viajar e brincar de bicicleta é bom para o corpo e para a mente (além de ser bom para estimular as economias locais sem causar impactos ambientais e sociais negativos). 🙂 (Não se trata de defender a bicicleta pela bicicleta, nem a bicicleta em exclusividade – há que tirar partido da polimodalidade!)

Um dia esperamos poder estar e ser na Cenas a Pedal só pelo gozo de andar de bicicleta, triciclo & Cia e partilhar esse gozo com os outros, sem a luta de afirmar e instituir a bicicleta como opção de transporte digna, válida e competitiva (além de cool e sexy, yeah!). O amanhã por que trabalhamos hoje, virá um dia, é preciso é que continuemos todos a trabalhar para isso, pois não vale a pena esperar que as coisas aconteçam, alguém tem que as fazer acontecer, e isso somos todos nós com as pequenas e grandes acções de todos os dias, à nossa escala.

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Triple Rush

Para os amantes do “Fast and the Furious” versão bicla:

Triple Rush gives you an insider’s look at the chaotic workings of 3 different NYC courier companies as they battle for survival in this intensely competitive industry. We’ll witness the bike messengers’ hair-raising dashes through busy Manhattan streets — speeding between cars, racing through red lights and doing battle with taxicabs — all to earn a few dollars and support their lives in the fast lane. We’ll also meet the dispatchers, who balance the needs of messengers who want non-stop, lucrative runs, customers who want excellent service and owners who want kick-ass couriers who don’t make mistakes.

[Via]

A bem da saúdinha dos outros ciclistas, dos peões, e dos próprios estafetas, esperemos que os lisboetas Camisola Amarela sejam menos temerários.