A Mobiky é uma peça de engenharia fantástica. O mecanismo de dobragem é algo verdadeiramente inteligente, e é tão prática para usar no dia-a-dia, nas pequenas voltas para aqui e para acolá que é difícil perceber como é que não estão já a ser usadas por toda a gente (mas isso eram outros tantos posts…).
A empresa que a tem desenvolvido tem, contudo, deparado-se com contratempos que têm afectado a evolução do produto, com consequentes adiamentos consecutivos do lançamento definitivo da nova geração de bicicletas Mobiky. Recentemente a empresa original foi comprada e surgiu assim a MOBIKY TECH, que tem trabalhado na imagem e no marketing da marca, como podem ver pelo novo site. Há umas semanas surgiram também fotos dos novos modelos.
A gama da Mobiky incluirá então bicicletas de roda 12″ e bicicletas de roda 16″ (importante para aumentar o conforto em pavimentos menos que perfeitos), normais e também em versão com assistência eléctrica (weeee!):
Mobiky 12 Vasco (sem mudanças)
Mobiky 12 Louis (3 velocidades)
Mobiky 12 Youri (3 vel., pedelec)
Mobiky 16 Louis (3 velocidades)
Mobiky 16 Steve (8 vel.)
Mobiky 16 Youri (3 vel., pedelec)
(Não vou comentar a escolha dos nomes dos modelos. 😛 )
Em termos de preços, os 6 modelos vão dos 750 € aos 1700 € (aproximadamente).
As mudanças são sempre de cubo, e os travões são de disco, V-brake ou de banda, consoante a roda e o modelo.
Nas versões pedelec, trazem um motor na roda dianteira, de 180 W na Mobiky 12 e de 250 W na Mobiky 16, e uma bateria de iões de lítio de 24 V disponível na versão de 5 Ah (15-20 Km de autonomia) ou 10 Ah (30-35 Km de autonomia) (o que é suficiente para o tipo de aplicação da Mobiky: curtas distâncias e/ou transporte multimodal). Com um peso anunciado de 17.5 Kg, são bastante leves (e não esquecer que rolam fechadas ao nosso lado, sem termos que as carregar). Os modelos não pedelec rondam os 14 Kg, segundo a marca.
Também contemplados estão alguns acessórios para transporte de bagagem, da KLICKfix.
Por enquanto aguardamos ainda que a nova empresa se (re)estabeleça e que a distribuição dos novos modelos se inicie e consolide para começar a oferecê-los no nosso mercado. Uma espera ansiosa. 🙂 E entretanto,temos ainda algumas Mobiky Genius R a preço de saldo!
Há assim 2 novos sinais de trânsito (com algumas variantes pelo meio), para indicar a cobrança electrónica de portagens e a fiscalização automática de velocidade nas SCUT.
Agora, será assim tão difícil aprovarem sinais para facilitar a circulação em bicicleta nas cidades?…
Temos andado caladinhos, mas o trabalho no ateliê tem continuado, no intervalo do expediente normal, e sempre que os colaboradores externos da família dão cá um salto. 😉 Já está verdadeiramente irreconhecível. 🙂
arrancar e substituir rodapés – check!
arrancar e substituir, e pintar, sanca – check!
pintar paredes – check!
refazer e ampliar instalação eléctrica (tomadas, puxadas para as luzes, etc) – check!
remendar, reparar e “alindar” – na medida do possível – o chão de tacos – check!
pintar tecto em madeira de branco-areia – check!
montar porta e janelas novas em alumínio – check!
To be continued…
<a href=”http://www.flickr.com/photos/pedalpoweredstuff/5469765654/” title=”A pintar o tecto by Cenas a Pedal, on Flickr”><img src=”http://farm6.static.flickr.com/5018/5469765654_4fea5f9f99_m.jpg” width=”240″ height=”180″ alt=”A pintar o tecto” /></a>
Quando voltei à bicicleta em 2005, após um interregno forçado de 7 anos, das muitas coisas giras que descobri online ao longo de mais de um ano de ávidas e intensas deambulações e pesquisas, os pedicabs foram uma de entre várias ideias por que me apaixonei, e de cujo sonho vou acalentando. Quando, na sequência desse período de “imersão velocipédica”, resolvi criar com o Bruno a Cenas a Pedal, nos idos de 2006, esta foi das primeiras e principais ideias que acarinhámos. Em 2008, na visita à Spezi, na Alemanha, tivémos até o privilégio de conduzir um, quando apanhámos um pedicabbie muito simpático que nos levou até à estação de comboios. 🙂
Um “riquexó” é um «veículo de duas rodas para uma ou duas pessoas, puxado por uma pessoa a pé ou de bicicleta, frequente em cidades do Oriente», usando a definição da Priberam. O riquexó surgiu inicialmente como sendo, basicamente, uma carroça puxada por uma pessoa, há cerca de 150 anos.
Nos tempos mais recentes esta palavra evoluiu para incluir também versões modernas, e mais humanas, os triciclos riquexó, como os da primeira e segunda fotos, e os riquexós motorizados (tuc tucs e afins), que foram substituíndo (embora não completamente) os originais.
Na Ásia, onde surgiram e foram massificados, os pedicabs estão a desaparecer à medida que a sociedade se motoriza mais e mais (um reflexo da melhoria das condições económicas da população), e vão restando apenas como atracção turística:
Em contrapartida, no Ocidente, vão aparecendo mais e mais, também muito ligado ao turismo, mas não só, e utilizando veículos modernos, mais eficientes e menos duros para os condutores.
Há diversas marcas de pedicabs modernos, de posição de condução convencional ou reclinada, 3 ou 4 rodas, mais ou menos cobertos/fechados, com e sem assistência eléctrica, e com o condutor à frente ou atrás dos passageiros, sendo que os preços variam entre os 4.500 € e os 10.000 €, mais ou menos. Os modelos de negócio também variam, mas geralmente os condutores são trabalhadores por conta própria, que alugam os triciclos e obtêm depois o seu rendimento dos serviços de transporte (turísticos ou utilitários) que conseguem arranjar. Os proprietários dos triciclos vivem depois da publicidade nos veículos. E, claro, também há outros casos em que os condutores são funcionários da empresa. Os pedicabs são concorrência essencialmente para as charretes, onde estas existam (ex.: Sintra) e para os táxis automóveis normais.
Em 2006/2007 investigámos muito a ideia de trazer os pedicabs para terras lusas, marcas, modelos de negócio, legislação, etc, estabelecemos contacto com fabricantes, perguntámos por licenças e autorizações necessárias a Câmaras Municipais, IAPMEI, IMTT, etc. Desenvolvemos planos de negócio e até concorremos a programas de financiamento / apoio ao empreendedorismo. Infelizmente não tivémos sorte nessa frente, e o investimento inicial saía fora do nosso alcance (dois putos de 25 anos recém-saídos da faculdade, sem dinheiro nem crédito). Mas esse não era o único obstáculo, pois no processo descobri que o nosso Código da Estrada proíbe activamente o transporte de passageiros (adultos) em velocípedes. E sim, os pedicabs são classificados como velocípedes, pelo que não se tratava de uma questão de homologação nem, aparentemente, de licenças especiais locais. A resultar seria um pouco como os comboios turísticos, primeiro aparecem, depois regulamentam-se, o que são muitos “ses” para investir tanto dinheiro…
Não seríamos os primeiros tipos a usar pedicabs em Portugal, claro, nas minhas pesquisas enontrei referências a outras empresas, mas coisas pré-web 2.0, digamos assim. Haveria para aí pedicabs mas essencialmente usados em eventos e coisas do género. Com tudo isto, o sonho de nos tornarmos pedicabbies foi posto em stand-by. Mas outros tiveram a mesma ideia, e atiraram-se, apesar da legislação vigente. Houve uma falsa partida em 2007 com a Missão Zero, em Cascais, mas há hoje em Portugal, e desde 2007/2008, pelo menos duas empresas de pedicabs em operação, ambas usam a mesma marca de triciclos, embora não integrem a rede mundial de franchising da mesma.
Porque é que os pedicabs não proliferam e vingam em Portugal?
Esta questão é o exemplo acabado de como a falta de visão política e pró-actividade dos nossos políticos inviabiliza a inovação, e o desvio para a sustentabilidade nascido nas bases (vs. o que vem de cima, quando vem alguma coisa).
Há uma série de actividades com o potencial de criar emprego, de aliviar os congestionamentos, a poluição, o ruído, nas cidades, de contribuir para dinamizar a vida urbana e enriquecer o turismo, de promover social e culturalmente o estatuto da bicicleta como veículo utilitário, e de lhe dar visibilidade, que as rédeas-soltas dadas ao automóvel, a conivência das autoridades com o desrespeito pelas leis (estacionamento, circulação, velocidade,…) pelos seus condutores, e o subsidiamento público que é feito a estes, em detrimento de todos os outros modos (transportes públicos, peões, ciclistas), matam à nascença, porque o automóvel é sempre mais competitivo globalmente (vai a todo o lado, mesmo onde não pode, e estaciona em todo o lado, mesmo onde não pode, sempre impunemente). Os pedicabs são uma dessas actividades (a par da micro-logística em bicicleta, e até da publicidade móvel em bicicleta, etc).
Temos um Código da Estrada obsoleto, desajustado da realidade técnica, científica e social actual, e negativamente discriminatório dos condutores de velocípedes relativamente aos condutores de veículos motorizados.
o CE proíbe o transporte de passageiros adultos em velocípedes (mesmo que seja um desenhado e preparado para tal)
o CE proíbe os triciclos e quadriciclos a pedal (velocípedes e velocípedes com motor) de circular nas ciclovias quando estas existam (há uma série de utilizadores de bicicleta que ficam excluídos de usufruir legalmente de muitas vias turísticas e recreativas)
as ciclovias que se vêm em Portugal são subdimensionadas em largura para bicicletas normais, quanto mais para triciclos e afins (principalmente tendo em conta a lei anterior)
as ciclovias em Portugal incluem demasiadas vezes degraus, curvas cegas e/ou demasiado apertadas, etc
o piso degradado (buracos, lombas, etc), misturado com carris e empedrado, um cenário demasiado comum em Lisboa, por exemplo, torna a cidade pouco tolerável para quem não se desloca num automóvel…
O Trikidoo é uma versão light de um pedicab para levar miúdos.
De qualquer modo, aparentemente não terá sido este obstáculo legal a ditar o desaparecimento dos CityCruisers de Lisboa, mas sim a falta de licença concedida pela Câmara para estes veículos acederem e circularem por zonas pedonais (é o que depreendo da notícia, não haveria razão para terem que estacionar os triciclos em cima de passeios, podem muito bem ser parqueados na estrada). Se assim for, realmente, a história repetir-se-á para este projecto mais recente.
Sofremos, assim, duplamente, pela falta de zonas pedonais, livres de automóveis (em número, extensão e conectividade), e pela falta de tolerância para com estes transportes públicos, os pedicabs, a título de excepção, nas poucas que existem (e com maus acessos, muitas vezes). Comparem com Barcelona: