Chalk Chalk oferece desenhos originais em giz de bicicletas e outros dispositivos de transporte movidos a energia mecânica humana, imortalizados com um fixante acrílico em placas de bétula revestidas a tinta de efeito ardósia. Muito giro! 🙂
Categoria: Imagens
“Querido, mudei o ateliê” – IV
- Arrancar tacos, rodapés e madeiras estragados – check!
- Arrancar calhas técnicas e tirar instalação eléctrica velha – check!
- Tirar janela antiga (pouco funcional, e iria destoar da nova porta) – check!
To be continued…
O Presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, vai ter o seu gabinete num antigo armazém no Largo do Intendente, actualmente a sofrer obras de recuperação. A partir de Abril, e por 2 anos, será este o seu local de trabalho, para «“dar confiança às pessoas para investirem” nesta zona de “má fama”»:
Ora, este novo gabinete do Presidente dista menos de 2 Km dos Paços do Concelho, num percurso praticamente plano. Ida & volta fica em 4 Km:
Alternativas ao dispôr do Presidente:
Automóvel – 6 min para cada lado, considerando que tem estacionamento reservado literalmente à porta em ambos os locais e que não há congestionamentos. Visibilidade: nula. Interacção com a cidade: nula. Custo pessoal: elevado (sedentarismo). Custo para os contribuintes: elevado (mín. 2 €/volta, se incluir motorista, houver muito trânsito, etc, aumenta, mais espaço público para parqueamento em ambas as pontas). Liderar pelo exemplo: falhanço total.
Caminhar – 20 min até à Praça do Município, 22 min para regressar. Visibilidade: elevada. Interacção com a cidade: total. Custo pessoal: nenhum, ganho de saúde pelo exercício físico leve. Custo para os contribuintes: zero. Liderar pelo exemplo: sucesso.
Transportes públicos – o Google estima em 9 a 11 min Largo do Intendente-Praça do Município, e 10 a 16 min o inverso, usando o Metro ou a Carris, respectivamente. Visibilidade: elevada. Interacção com a cidade: razoável. Custo pessoal: nenhum, ganho de saúde pelas escadas de metro subidas ou pelos troços caminhados. Custo para os contribuintes: passe Metro 19.55 € ou 1.80 €/volta. Liderar pelo exemplo: bom.
Bicicleta – os mesmos 6 minutos que o automóvel, com a diferença de que o tempo de viagem não é significativamente afectado pelo congestionamento, e que o estacionamento pode até ser mais fácil/rápido. Visibilidade: elevada. Interacção com a cidade: elevada. Custo pessoal: nenhum, ganho de saúde pelo exercício físico ligeiro. Custo para os contribuintes: praticamente zero. Liderar pelo exemplo: grande sucesso.
A competitividade relativa de alguns destes modos já António Costa conhece em primeira mão. E em 2007 já ele incorporava a bicicleta no seu discurso político:
Desde essa altura já foram implementadas pela CML algumas medidas tímidas “em nome das bicicletas” (deixemos por agora as críticas à implementação técnica e às estratégias políticas à parte). Embora ainda andemos todos a suspirar pela bendita ciclovia ribeirinha (mas uma coisa mesmo bem pensada, integrada com o resto, e bem implementada) que nos permita pedalar por prazer, desporto ou transporte entre o Parque das Nações e Algés (e depois até Cascais). O potencial a nível de turismo “vá para fora cá dentro”, de fim-de-semana e não só, de turismo estrangeiro, de dinamização de actividades culturais e comerciais à beira-rio, etc, etc,… é difícil de compreender de que raio estão estas autarquias à espera…
A proposta
Lançamos então aqui o desafio ao Presidente António Costa para “vestir a camisola” e adoptar a bicicleta para se deslocar entre o seu gabinete e os Paços do Concelho, sempre que tal seja necessário.
Foto: FPCUB
Porquê de bicicleta?
- Porque é o meio de transporte mais competitivo para o percurso em causa: o mais rápido, o que oferece tempos de viagem mais fiáveis, e o mais fácil de usar.
- É o que mais dinheiro poupa à Câmara (a seguir ao andar a pé, claro, mas hey, time is money!).
- Permite ao Presidente incorporar um pouco de exercício físico leve no seu dia-a-dia, usando o tempo dedicado a transporte.
- Permite-lhe manter-se em contacto próximo com a cidade mas deixa-o gerir a velocidade a que o faz, e as oportunidades de interacção com os munícipes (é mais difícil chegar a horas a uma reunião indo a pé e tendo que lidar com interacções populares imprevisíveis).
- Ter o Presidente da Câmara a passar na rua de bicicleta, vestido normalmente, no horário de trabalho, regularmente, fará mais para “reduzir o estigma” da bicicleta, “dar confiança às pessoas para investirem” neste meio de transporte, e fazer as pessoas “sentir que há um comprometimento efectivo do município e das autoridades para mudar” as condições para o uso da bicicleta na cidade, do que qualquer ciclovia, folheto ou campanha.
Não se trata de pedir a António Costa que passe a comutar casa-trabalho-casa diariamente de bicicleta, nem que passe a ir para todos os compromissos profissionais de bicicleta. Trata-se de incentivá-lo a escolher o meio de transporte mais adequado para cada situação. E esta, de comutação entre dois locais de trabalho, num percurso plano de 2 Km, tem “bicicleta” escrito na testa.
Claro que há pequenos cuidados prévios que, tratando-se do Presidente da capital do país, convém ter:
- Escolher o equipamento certo. E o que é certo para um Presidente de Câmara na capital portuguesa, numa cidade onde raríssimas pessoas em cargos políticos optam pela bicicleta (logo, onde a imagem de exemplo do Presidente deverá ser positiva, e aspiracional)? Uma bicicleta que não o deixe ficar mal. Bonita, eficiente, fiável, simples de usar. Uma bicicleta que lhe permita sentar-se no selim e arrancar, sem se preocupar com calças a sujarem-se ou rasgarem-se na corrente, com salpicos das rodas. Com iluminação e protecção anti-roubo integradas. Tem que estar preparada para poder transportar confortavelmente e em segurança pastas, portáteis, dossiers, o que seja. Tratando-se de Lisboa e considerando o percurso em causa, tem que garantir um mínimo de conforto pelos buracos e empedrados de Lisboa. Os acessórios para o adequado transporte de bagagem e para lidar com os eventuais dias de chuva também terão que ser contemplados. Não é este o look que pretendemos para estas deslocações em particular:
Foto: FPCUB
É mais este:
Foto: The Sartorialist
- Preparar-se convenientemente. Não se tratando de um cidadão anónimo, é de particular importância que o Presidente aja sabendo o que está a fazer, e fazendo-o o melhor possível. Fisicamente, este percurso é acessível a qualquer nível de condição física, por mais sedentária que seja a pessoa (e se fosse por isso, podia sempre ir para uma bicicleta com assistência eléctrica, quem sabe assim a rede MOBI.E não passaria a contemplá-las também…). Mas convém praticar antes o controlo básico e a destreza na bicicleta. Depois há que ter noção da legislação aplicável ao condutor de uma bicicleta, e aprender as devidas técnicas de condução de bicicleta, para garantir o máximo de eficiência, conforto e segurança nas delocações do Presidente. Dicas de como transportar coisas, prender a bicicleta, gerir o esforço, lidar com a chuva ou com o calor também deverão ser abordadas.
Ora, nesta óptica, o Presidente António Costa até está numa situação privilegiada, pois tem logo aqui à mão a única empresa nacional totalmente especializada nisto mesmo. E Lisboa até tem o Bicycle Repair Man, para que o Presidente nunca fique apeado! 🙂
Mas mesmo que opte por não recorrer a profissionais para obter a necessária consultoria e formação, e se meta nisto sozinho ou com as dicas dos assessores disponíveis, o que interessa é pegar na bicicleta, seja ela qual for, e usá-la, seja como for, e manter-se firme nisso!
Bolas, se outros Presidentes o fazem (Moita Flores em Santarém, Macário Correia em Tavira, Marisa Santos em Sines, Santos Sousa na Murtosa), porque não o nosso?
E tenho a certeza de que a percepção e compreensão das necessidades dos ciclistas seria muito mais rápida por parte da CML se o Presidente experienciasse a cidade, regularmente e num contexto utilitário, em cima de uma bicicleta.
Este post foi enviado ao Gabinete do Presidente. A ver se pega. 🙂
Que dirão desta patinete reclinada invertida?
Mais aqui.
“Querido, mudei o ateliê” – III
- Picar, rebocar e “gessar” a parede “artística” (e outras) – check!
To be continued…