Um negócio literalmente movido a pedal. Este, infelizmente, em extinção… São os amoladores. Lembram-se daqueles homens que de vez em quando passavam lá pela rua, reconhecíveis à distância pelo seu realejo típico, trazendo uma bicicleta? Ligo essas memórias à minha infância. Quando se ouvia aquela música era para ir buscar as tesouras, facas e até guarda-chuvas para arranjar ou afinar. 🙂 Agora estamos na era do usar e deitar fora em vez de arranjar porque comprar novo é tão barato, às vezes até mais barato do que mandar arranjar!
«Os últimos amoladores
Há alguns anos trás era vulgar vê-los a percorrerem as ruas das cidades. Hoje são verdadeiras raridades e há mesmo quem já não se lembre do som do realejo que os anuncia. Os amoladores são uma profissão em vias de extinção.
Durante muitos anos percorreram as ruas e estradas do velho Portugal anunciando, através do som inconfundível do realejo, o arranjo imediato de guarda-chuvas, sombrinhas, tachos, panelas, facas e tesouras. (…)
Em tempos não muito remotos, os amoladores pululavam um pouco por todo o lado, eram presença assídua e familiar nas aldeias portuguesas e não tinham mãos a medir para satisfazer os clientes da sua área de residência. Actualmente, garante José Martins, “não serão mais de uma dúzia” os que ainda se dedicam à actividade, metendo os pés ao caminho, numa vida de autênticos saltimbancos. “Penso que é uma profissão com os dias contados. Acha que, hoje, há algum jovem que se queira sujeitar a andar na rua a tocar realejo?”, questiona. (…)
Depois do realejo, solta-se o pregão “Amolador à porta. Arranja-se guarda-chuvas, sombrinhas, facas, tesouras. Se tem para arranjar, é hoje”. Nas suas típicas bicicletas, sobressai a pedra de esmeril, usada para amolar através de um engenhoso sistema movido pelos pedais.
Mas nas mesmas bicicletas, e além de varetas, alicates, arrebites e toda a ferramenta necessária para “acudir” a um guarda-chuva, a uma tesoura ou a um tacho, os amoladores carregam igualmente memórias e melodias que marcaram várias gerações. “Sabe quando passa na rádio uma música antiga, que já não se ouvia há muito? É o mesmo que acontece quando aparece o som do realejo dos amoladores”, afirmou à Lusa, nostálgico, um transeunte.»
[Fonte:
O Primeiro de Janeiro]
Há as versões nómadas mas também as sedentárias. 😉