Primeiro foi a Escola E.B. 2,3 D. João II, depois a Escola Secundária Dr. Ginestal Machado, e agora, como prometido, a Escola Secundária Sá da Bandeira. A Câmara Municipal de Santarém (que tem um Presidente bike commuter) cedeu entre 30 a 50 bicicletas a cada uma destas escolas, para o apoio a actividades desportivas da escola e para promover hábitos saudáveis entre os jovens. Estes podem requisitar as bicicletas na escola e usá-las para se deslocarem a casa à hora do almoço, ou aos pavilhões gimnodesportivos onde decorrem as aulas de Ed. Física, etc.
Há pessoas e projectos que nos inspiram. Que nos dão esperança de que é possível fazer diferente, esperar diferente. Que nos dão confiança para fazermos também coisas loucas e grandiosas. O Enrique Peñalosa é para mim uma referência incontornável, e o seu exemplo algo que me alenta os sonhos.
Esta entrevista (versão longa) é absolutamente imperdível. Se tivesse tempo legendava-a em português para que mais pessoas pudessem perceber que o problema de Portugal não é falta de dinheiro, nem de meios, mas sim de inteligência colectiva e pessoas com visão.
«O conflito nas cidades, hoje, é entre os carros e as pessoas. Não se pode ter cidades amigas das pessoas e amigas dos carros, tem que se escolher.»
«Temos que escolher como queremos viver.»
«As cidades existem há 5000 anos, os carros há 80. As cidades sempre foram pedonais, e era assim que eram funcionais. Uma cidade pedonal é amigável para os seus utentes mais frágeis e vulneráveis. Não podemos resolver o problema da mobilidade nas cidades com carros, é simplesmente impossível, não funciona.»
Em apenas 3 anos o “Presidente da Câmara” de Bogotá, Enrique Peñalosa, mudou a maneira como a sua cidade tratava os seus cidadãos “não-motorizados” restringindo o uso do automóvel e instituindo um sistema de autocarros rápidos (com vias exclusivas) que agora transporta 500 000 pessoas diariamente. Entre outros melhoramentos: ele alargou e reconstruiu passeios, criou grandes espaços públicos, e implementou uma rede de mais de 150 Km de ciclovias protegidas (um símbolo de que «um cidadão numa bicicleta de 30 $ é tão importante quanto um cidadão num carro de 30 000 $». E ele teve que lidar com enorme resistência à mudança, protestos, etc.
Eles querem ainda banir totalmente os carros durante as horas de ponta. Actualmente fazem um “Dia Sem Carros” todas as semanas.
«Em apenas 6 anos, de 0.2 % de pessoas a usar a bicicleta diariamente, em Bogotá, passou-se para 5 %. Há agora 400 000 pessoas a andar de bicicleta na cidade, todos os dias.»
«Nós subestimamos o poder dos sonhos. O mais difícil é sonhar e criar um sonho colectivo ou uma visão partilhada. É tempo de arriscar em grande e fazer algo novo, uma nova [insert portuguese city name here]».
Como empresa “intermediária”, isto é, que não produz os produtos que comercializa, uma das nossas preocupações é a responsabilidade ambiental e social dos produtos a montante. Isto é, independentemente das nossas políticas neste âmbito, os produtos têm um historial que não controlamos.
Embora o “salvar o planeta” seja um motivo (ou um dos motivos) pelo qual muitas pessoas escolhem usar a bicicleta no dia-a-dia, o processo de fabrico destes produtos pode ser ainda muito pouco amigo do ambiente e/ou das pessoas: fábricas obsoletas, que consomem demasiado combustível fóssil, que desperdiçam energia, que usam produtos tóxicos ou que não tratam os seus resíduos, práticas laborais abusivas, etc, etc. Claro que o impacto disto no caso das bicicletas é muito menor que no caso dos automóveis, por exemplo, e além disso, depois da produção, a bicicleta não emite gases polentes e no final de vida há muito menos resíduos para reciclar ou tratar. O respeito pelos trabalhadores das fábricas também é um factor a ter em conta. Tudo isto combinado faz-nos questionar como é possível que haja marcas a pôr à venda bicicletas de todos os tipos (montanha, dobráveis, eléctricas, corrida) a partir de 19-28 €… Claro que a qualidade não pode ter grande ponderação na equação, mas mesmo assim, como é possível pagar a matéria-prima e salários decentes a cobrar estes preços?…
«A Kind Bicycles oferecerá aos ciclistas uma alternativa: bicicletas fabricadas, distribuídas e vendidas de formas que se focam claramente na conservação de recursos, na melhoria de condições de trabalho para os trabalhadores no estrangeiro e na protecção do ambiente.»
Os modelos de 2008 serão apresentados em feiras da indústria neste Outono.
Venham mais empresas assim e que isto inspire as existentes a seguir-lhes os passos.
Cada vez encontro mais casos destes referidos pela web. Têm-me inspirado. Quando for grande também quero ser assim: viver perto do trabalho, ir para todo o lado de bike e raramente ter que recorrer a um carro. 😉 De certeza que poupo no ginásio e nos médicos, com o exercício e a vida ao ar livre. E as férias a viajar de bicicleta também? Ah, sublime. 🙂