O Antoine estava à procura de uma solução para transportar as suas duas filhas, de 4 anos e 6 meses, para a escola / creche. Até agora transportava a mais velha numa cadeira, mas agora que a mais nova ia começar a frequentar a creche, precisava de uma solução que desse para as duas. Tinha lido que a única solução seria um atrelado, visto que as cadeiras não se adequam a bebés tão pequenos. Também queria uma solução prática de usar mesmo nos dias chuvosos de Inverno.
A escolha recaíu sobre um atrelado da Thule, o Chariot Cross 2. Além da funcionalidade e design de todos os elementos do atrelado serem de topo, para tornar o dia-a-dia o mais simples possível, tem também suspensão, o que o torna mais seguro e confortável para os passageiros, mesmo em cidades como Lisboa onde a qualidade do piso nem sempre é a melhor.
As crianças precisam de brincar. Bolas, os adultos precisam de brincar, quanto mais as crianças!
Infelizmente, nas últimas décadas fomos construindo um mundo, uma sociedade, uma cultura, em que as crianças levam uma vida de reclusas. Reclusos bem tratados e cheios de actividades de suposta estimulação, mas ainda assim reclusos – não têm a liberdade de explorar o mundo como desejam e precisam. De estar ao ar livre e fora de portas, de explorar o meio físico em que se encontram, de se aventurarem, de perseguirem os seus próprios interesses e paixões, de correrem riscos, de aprenderem a gerir emoções, interesses, frustrações, sonhos, riscos. Há sempre adultos a dizerem-lhes o que fazer, com o que brincar e como, e quando, e até com quem. Isto é mau agora, e terá um preço a pagar no futuro.
Como nós brincámos muito, tivémos a liberdade de andar na rua e brincar como bem nos apetecia, sabemos o bem que soube, e o bem que nos fez. E lamentamos ver tantas crianças privadas desse privilégio, em nome de uma ilusão de segurança e competitividade.
Como andar de bicicleta tanto pode ser uma brincadeira como um meio de transporte, e enquanto meio de transporte continua a ter muito de brincadeira, e é uma ferramenta importante a nível de desenvolvimento psicomotor, nós fomos lá promover isso mesmo. Levámos bicicletas familiares para mostrar ao público, e por vezes os test rides funcionaram como uma espécie de “volta no carrocel”. 🙂 E andámos também a dar dicas aos pais de como podem ajudar os filhos a largar as rodinhas (explicando que na Escola de Bicicleta ensinamos isso e tudo o resto!).
Haviam várias actividades para estimular a brincadeira, inclusivé uma área de brincadeira livre, dos 1, 2, 3 macaquinho do xinês, onde apanhámos o prof. Carlos Neto, da FMH, a brincar também, por uns instantes. 🙂
Se não ouviram ainda falar dele, espreitem aqui, onde ele faz notar que as crianças hoje são como animais em cativeiro, aqui, onde ele alerta para o crescente analfabetismo motor dos miúdos (algo que nós próprios fomos notando ao longo dos anos nas nossas actividades com os karts KMX e com as aulas e afins) e aqui, onde ele fala do sedentarismo e da organização do território e do trabalho, por exemplo. E têm também estes vídeos, no âmbito do Dia de Aulas ao Ar Livre, que já chegou a Portugal!
Entretanto, precisamos de Um Novo Conceito de Parque Infantil. We need Rethinking Childhood, we need Freerange Kids, we need riskier playgrounds! E precisamos de menos carros na cidade, se reduzirmos o número e velocidade dos carros, aumentaremos o número de crianças na rua, seja a brincar, a caminhar, a andar de bicicleta, etc. É o volume, velocidade, hipermobilidade e anonimato dos carros que gera o medo da rua.
Libertemos as crianças! E, no processo, libertemos também os adultos, novos e velhos. 😉
É isso mesmo, desde Outubro deste ano que promovemos passeios de bicicleta semanais. A ideia é haver mensalmente um mix de passeios e microviagens para diferentes públicos.
Estão pensados para servir primeiro e fundamentalmente os principiantes e as famílias com crianças, mas não nos ficamos por aqui (até porque não se fica principiante para sempre!).
Queremos passeios para conhecer a cidade, para ligar bocados que nunca ligámos, para conhecer e conviver com outros adeptos da mobilidade em bicicleta, e queremos sair da cidade, explorar o resto do país, que tem tantos sítios bonitos por onde pedalar. 🙂
Vamos conhecer parques e jardins, ciclovias e ecovias, novas rotas, e pontos interessantes (desde miradouros, museus, lojas, cafés e restaurantes, exposições, galerias, etc, etc).
Não são passeios desportivos, são passeios turísticos / culturais! Não é preciso roupa diferente da casual do dia-a-dia, nem equipamento especial nem bicicletas racing. E por ser em grupo, acomodam pessoas com níveis de experiência e habilidade na bicicleta abaixo do que seria recomendado se fossem sozinhas. São uma espécie de Massa Crítica mas sem a carga política e activista.
E para lançar a ideia e ensaiar o modelo, até Março de 2017 os passeios são de acesso gratuito, e abertos mesmo a não membros da Escola de Bicicleta da Cenas a Pedal, basta registar-se na página de cada um (para permitir comunicar o que for preciso!). É de aproveitar! 🙂
Como saber que passeios vamos ter em cada mês? O mais simples é subscrever a nossa nova newsletter, claro. Esta newsletter tem uma regularidade mensal e serve para divulgar eventos, promoções e novidades variadas, avisar de alterações de horários ou moradas, e partilhar a agenda de eventos da Escola de Bicicleta (passeios, workshops, etc).
Se o email não é a sua praia, basta ir prestando muita atenção à nossa página no Eventbrite ou no Facebook.
Numa bicicleta convencional podemos transportar uma ou duas crianças atrás de nós, e atrás da nossa bicicleta, recorrendo a semi-bicicletas atreladas (conhecidas por bicicletas-atrelado, trailer-bikes e tag-along’s), próprias para crianças, cujos Prós & Contras (face às outras opções aqui listadas) passarei a descrever de seguida.
2.3. BICICLETAS-ATRELADO| 2 aos 9 anos, máx. 36 Kg | 1 a 2 crianças
As bicicletas-atrelado permitem transportar 1 a 2 crianças dos 2 aos 9 anos de idade, máx. 36 Kg, e os preços [dos nossos modelos] começam nos 300 €.
Esta solução é efectivamente um tandem articulado facilmente dobrável ou desmontável em que a criança pode pedalar (de forma independente do pai ou mãe) e ajudar, ou deixar-se ir à boleia quando está cansada.
PRÓS
permite transportar crianças dos 4 (2, no caso do Weehoo) aos 10 anos (máx. 32 Kg – 36 Kg no caso do Weehoo)
um dos modelos permite transportar 2 crianças
a criança não é um passageiro passivo, exercita-se, e contribui para o esforço de locomoção do conjunto
é mais fácil para a criança montar e desmontar da bicicleta e o peso dela fica mais baixo do que num tandem convencional
este sistema permite à criança “andar de bicicleta” por todo o lado, com os pais, sem preocupações com a sua maturidade para lidar com o ambiente rodoviário e o trânsito automóvel
se a criança estiver cansada pode não pedalar, e se pedalar pode usar as mudanças de forma independente do adulto
a bicicleta-atrelado pode ser facilmente desengatada e guardada
podem usar-se alforges no porta-abagagem traseiro da bicicleta rebocadora (e também na bicicleta-atrelado)
o modelo da Roland permite ainda usar um cesto ou uma cadeira de criança no porta-bagagem da bicicleta rebocadora
é possível também engatar um atrelado de crianças ou bagagem, à roda de alguns modelos de bicicleta-atrelado, aumentando a capacidade de transporte de todo o conjunto (ver este exemplo)
é fácil “dobrar” o conjunto, arrumando ambas as bicicletas lado-a-lado, o que simplifica estacioná-las e prendê-las em parques de estacionamento para bicicletas
um dos modelos tem suspensão, para maior conforto das crianças em percursos fora de estrada
pelo nosso Código da Estrada, é permitido circular de bicicleta com um atrelado destes nas ciclovias (pistas para velocípedes), uma vez que a largura dos mesmos não excede 1 m
CONTRAS
a(s) criança(s) seguem algo afastadas do condutor, sendo difícil supervisioná-las sem recorrer a um espelho retrovisor
comunicar eficazmente com as crianças é mais difícil que numa cadeira – estão mais afastadas, mas mais fácil que num atrelado de passageiros – estão mais próximas, elevadas e descobertas
a bicicleta torna-se um veículo articulado, mais longo, e é fácil oscilar com os movimentos da criança -afecta a manobrabilidade
investimento elevado
pelo nosso Código da Estrada, conduzir à mão uma bicicleta com um atrelado destes não é equiparado ao trânsito de peões, ao contrário de uma bicicleta sem atrelado
não dá para desengatar o atrelado e a criança andar de forma independente (a não ser, no caso dos modelos da Burley / Tout Terrain, que se compre o kit que torna o atrelado numa bicicleta normal – PVP 210 € / 500 €)
Uma alternativa às bicicletas-atrelado é o kit abaixo:
2.3.1. FollowMe Tandem | 3 aos 9 anos, máx. 35 Kg
Este kit serve para permitir a uma bicicleta de adulto (rodas 26″ a 29″) rebocar uma bicicleta de criança (rodas 12″ a 20″), transformando o conjunto num tandem articulado, desmontável. Dá para crianças dos 3 aos 9 anos (45 Kg máx. de bicicleta + criança).
PRÓS
Genericamente, os mesmos das bicicletas-atrelado. Mas:
quando as condições são favoráveis, a criança pode andar sozinha, de forma independente, na sua bicicleta, bastando desengatá-la do kit
pode ser facilmente conjugado com alforges, cadeiras traseiras ou cestos na bicicleta rebocadora
pode ser usado com diferentes bicicletas de criança, de diferentes tamanhos e tipos
investimento relativamente baixo
CONTRAS
Genericamente, os mesmos das bicicletas-atrelado. Mas:
kit é relativamente pesado, adiciona mais de 4 Kg à bicicleta rebocadora
ao passar por pequenos lancis ou rampas, o kit pode raspar no chão
É importante averiguar o melhor possível, previamente, a compatibilidade de instalação e – muito importante – de uso de qualquer uma destas opções, com o trinómio bicicleta + condutor + contexto, pois isso determinará quão segura, prática e confortável será a solução adoptada.
Numa bicicleta convencional podemos transportar uma ou duas crianças atrás de nós, e atrás da nossa bicicleta, recorrendo a atrelados próprios para crianças, cujos Prós & Contras (face às outras opções aqui listadas) passarei a descrever de seguida.
2.2. ATRELADOS DE PASSAGEIROS| 1 mês aos 6 anos, máx. 45 Kg | 1 a 2 crianças
Estes atrelados servem para transportar crianças desde as 4 semanas de idade (com acessórios próprios) até aos 5-6 anos (suportam entre 30 Kg e 45 Kg de carga máxima, dependendo do modelo). [Os nossos modelos] começam nos 420 €.
Há atrelados para 1 ou 2 crianças, com kits de conversão para jogging, carrinho-de-bebé e outras actividades, com suspensão, com 2 rodas e com 1 roda, etc.
PRÓS
podem ser usados com qualquer bicicleta
facilmente se mudam de uma bicicleta para outra (desde que tenham ambas o engate próprio)
[alguns modelos] trazem incluídos ou têm como opções extra kits adicionais para os converter em carrinhos de passeio, de jogging, para esquiar, etc, tornando-os bastante multifuncionais
dobram-se para facilitar a arrumação e o transporte
dão para os primeiros 5-6 anos da criança, e desde o 2º mês de vida (alguns modelos, com acessórios próprios)
boa capacidade de carga (crianças & bagagem) – até 45 Kg (25 Kg no caso do Singletrailer)
quando não está a transportar crianças, pode ser usado para transportar carga (alguns até rebatem os assentos para isto)
protegem as crianças dos elementos – alguns são impermeáveis ou têm capotas como acessório
permitem às crianças dormir confortavelmente
não afectam o equilíbrio e direcção da bicicleta
se a bicicleta tombar, o atrelado mantém-se de pé (excepto no caso do Singletrailer)
os atrelados de boa qualidade têm uma “rolling cage”, ou seja, uma estrutura tipo gaiola que protege os passageiros em caso de colisão, ou capotamento do atrelado
permitem à criança manter ao pé de si comida, bebida, brinquedos, etc
alguns modelos têm 2 lugares, permitindo transportar 2 crianças, que podem conversar e brincar
oferecem capacidade de carga adicional
são estáveis e permitem colocar e retirar com facilidade as crianças do seu interior
dado o seu volume, aumentam a visibilidade do conjunto na estrada e facilitam a ocupação da via de trânsito
alguns modelos têm suspensão, para maior conforto das crianças
CONTRAS
mesmo dobrados, são pesados e volumosos
a(s) criança(s) seguem algo afastadas do condutor, sendo difícil supervisioná-las
não é possível manter uma conversa ou comunicar eficazmente com as crianças
estão mais expostas à projecção de água e detritos da roda traseira da bicicleta rebocadora
alguns modelos têm pouca ventilação, o que os torna abafados em tempo quente
a bicicleta torna-se um veículo articulado, mais longo e mais largo, o que afecta a sua manobrabilidade
investimento elevado
alguns modelos têm 2 lugares, permitindo transportar 2 crianças, que podem começar às turras (e o condutor nem sempre se apercebe logo / não pode intervir facilmente
aumenta drasticamente o atrito da bicicleta, aerodinâmico e de rolamento (2 rodas adicionais) – pode ser inviável para algumas combinações de percurso, bicicleta & condutor
pelo nosso Código da Estrada, conduzir à mão uma bicicleta com um atrelado destes não é equiparado ao trânsito de peões, ao contrário de uma bicicleta sem atrelado
pelo nosso Código da Estrada, é proibido circular de bicicleta com um atrelado destes nas ciclovias (pistas para velocípedes), salvo se a largura dos mesmos não exceder 1 m – mas muitos excedem…
É importante averiguar o melhor possível, previamente, a compatibilidade de instalação e – muito importante – de uso de uma destas opções, com o trinómio bicicleta + condutor + contexto, pois isso determinará quão segura, prática e confortável será a solução adoptada.